Agência FAPESP
O uso em sala de aula de blogs, páginas na internet com comentários sobre assuntos diversos ou relatos pessoais, favorece a prática da produção textual e contribui para exercitar nos estudantes o poder de argumentação, além de propiciar a leitura de uma maior diversidade de textos e gerar debates e comentários mediados pela prática da escrita.
Essa é a principal conclusão da dissertação de mestrado apresentada por Cláudia Rodrigues no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A pesquisa teve o objetivo de estudar a viabilidade da utilização de blogs nas aulas de língua portuguesa e no ambiente escolar. “O estudo ressaltou a necessidade de os professores encontrarem caminhos para explorar o letramento digital em sala de aula”, disse Cláudia, que também é professora de redação do ensino médio.
Para verificar a validade em utilizar blogs para o ensino de escrita, o estudo envolveu a produção de 20 blogs por cerca de 240 alunos durante as aulas de produção textual ministradas em quatro turmas de uma escola de ensino básico.
Os alunos produziram os blogs e, em seguida, foram promovidas discussões sobre assuntos diversos que tiveram início em sala de aula e prosseguiram no ambiente digital.
“Nas aulas de redação normalmente há debates sobre determinado tema para preparar o aluno para a escrita. Os blogs tiveram a intenção de continuar e transferir essa discussão para o ambiente virtual”, explicou Cláudia.
Segundo ela, além de serem colocados em contato com diversas opiniões, podendo exercitar a prática da argumentação, os alunos, por conta própria, envolveram professores de outras disciplinas da escola para a coleta de informações que deram origem aos textos publicados nos blogs.
“O interesse pela leitura e pela escrita aumentou quantitativa e qualitativamente em proporção às aulas tradicionais. Dos 20 blogs publicados por quatro turmas, quatro tiveram destaque e foram considerados de elevado êxito na proposta”, afirmou Cláudia, destacando que as discussões tiveram maior alcance do ponto de vista temático e também foram estendidas para outros ambientes fora da sala de aula.
“Foi nítida a inquietação na sala de aula em relação às pesquisas e busca de dados para os textos. Também foi freqüente a solicitação, por parte dos alunos, da leitura dos textos por seus colegas de classe antes de sua publicação. A maior parte dos estudantes buscou ainda outras fontes de informação além do professor para chegar às conclusões sobre os assuntos abordados”, disse.