Três pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp) após oito anos de estudo resolveram fundar a Bioware, localizada na Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp, para a produção industrial do bio-óleo — um novo combustível de origem vegetal capaz de substituir o óleo combustível e o diesel. Uma planta piloto foi construída em uma grande cooperativa privada de produtores de cana, açúcar e álcool, cujo nome não foi divulgado.
Segundo José Dilcio Rocha, um dos sócios da Bioware, é possível obter o bio-óleo em fração de segundos a partir do bagaço de cana-de-açúcar, serragem e casca de arroz. "A planta piloto alimenta até 200 quilos de palha por dia. Queremos ampliar a produção para uma escala industrial. Para isso seriam necessários cerca de R$ 2 a R$ 3 milhões. Estamos em busca de um investidor para que essa tecnologia seja uma realidade no mercado nos próximos dois anos", diz o pesquisador.
TECNOLOGIA
O bio-óleo é obtido a partir de um processo inovador denominado pirólise rápida, que consiste na queima ou degradação térmica da biomossa a partir do reator de leito fluidizado borbulhante. "Somos o único grupo do País que detém o know-how desse processo. Essa é a tecnologia mais simples para a obtenção do bio-óleo", diz Rocha.
Para o desenvolvimento dessa tecnologia já foram investidos cerca de R$ 500 mil provenientes de instituições como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Segundo o pesquisador, existem no mundo cerca de 30 grupos que estudam essa tecnologia. Na América Latina, há uma pequena indústria que utiliza tecnologia alemã e um grupo industrial em Cuba. Além disso, existem três empresas no Canadá, Estados Unidos, Europa e também na Austrália. "Essa é uma tecnologia limpa e ecologicamente correta. O petróleo um dia irá acabar, e o Brasil detém vantagem competitiva já que é rico em biomassa", diz Rocha.
De acordo com o pesquisador, o processo desenvolvido produz bio-óleo, carvão fino e gás. Mas, o bio-óleo é o produto principal com até 75% de rendimento. Isso significa que de 100 Kg de bagaço de cana-de-açúcar são produzidos 75 Kg de bio-óleo.
APLICAÇÕES
De acordo com Rocha, são inúmeras as aplicações do bio-óleo: ele pode ser usado na indústria alimentícia, pode também substituir o fenol derivado do petróleo na fabricação de resina. Ele também tem aplicação na construção civil servindo como aditivo para a fabricação da argamassa. Além disso, pode ser usado como fertilizante de liberação lenta de hidrogêneo.
Por ser uma tecnologia limpa, o pesquisador afirma que ela terá importante papel quando for assinado o Protocolo de Kyoto. "Poderemos vender créditos de carbono para os países industrializados", diz Rocha.
A Bioware também oferece cursos e consultorias nas áreas relacionadas com o assunto.
Notícia
DCI