Profissionais de setores tão diferentes quanto uma indústria de sucos de laranja e um pronto socorro poderão, em breve, beneficiar-se da mesma tecnologia, desenvolvida no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas, IO-Unicamp: os biossensores.
Biossensores são aparelhos simples e pequenos, porém rápidos e precisos, dotados de um componente biológico - geralmente uma enzima -reconhecedor de íons ou moléculas de algumas substâncias, através de reações químicas. Cada tipo de biossensor reconhece uma espécie química, permitindo dizer se a substância em questão está presente ou não e qual a sua concentração. Tratam-se de análises e monitoramentos que, até agora, dependiam do envio de amostras a laboratórios e de um bom tempo para a análise, a um custo mais elevado do que os biossensores.
O primeiro biossensor testado, com sucesso, pela equipe coordenada por Lauro Tatsuo Kubota, é capaz de determinar, em tempo real, a presença de salicilatos no sangue ou urina, permitindo o pronto atendimento de pacientes intoxicados. A intoxicação por salicilatos pode provocar lesões no estômago, diminuição da capacidade auditiva, vertigens e até a morte por depressão respiratória. É causada pela ingestão acidental de altas doses de ácido acetilsalicílico (aspirinas) ou auto medicação crônica exagerada.
Utilizando os mesmos princípios do biossensor para salicilatos, com componentes reconhecedores diferentes, a equipe desenvolveu biossensores para compostos fenólicos, nos diagnósticos de propensão a stress; para monitorar substâncias tóxicas nos efluentes industriais; para detectar a presença de oxalato no capim, uma substância que pode asfixiar o gado, quando aparece em doses muito concentradas; para verificar se o suco de laranja foi ou não adulterado, através do controle do ácido isocítrico e para testar a presença de frutose ou glicose nos alimentos dietéticos.
A equipe liderada pelo pesquisador Kubota conta com 8 doutorandos, 3 mestrandos e 2 estudantes de iniciação científica. O financiamento é da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fapesp, da ordem de 250 mil reais para 4 anos. Kubota mantém colaboração com outros laboratórios que fazem o mesmo tipo de pesquisa, nos Estados Unidos, Inglaterra, Suíça e Japão. A comercialização dos biossensores só depende dos trâmites para registro de patente.
Maiores informações através do telefone (19) 788-3127 ou do email kubota@iqm.unicamp.br.
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Agência Estado