"A energia está atrelada à melhoria da qualidade de vida em qualquer índice e pode inclusive alterar o padrão mundial do poder vigente", enfatizou Lucí Hidalgo, professora do Instituto de Geociências (IG), hoje durante as discussões do evento Biomassas e Mudanças Climáticas no auditório da Diretoria Geral da Administração (DGA). Especialista em mudanças climáticas, Lucí disse que, apesar de tão relevante, o tema ainda não contém informações atuais o suficiente para compreender as futuras repercussões ao planeta. Segundo ela, é fato que a matriz energética no mundo é bastante deletéria, pelas constantes emissões de gás carbônico. "O Brasil tem como grande vilão o desmatamento", contou.
A professora revelou que o uso de energia fóssil eleva sobremaneira as concentrações dos gases de efeito estufa e que hoje o uso de energia é responsável por cerca de 60% das emissões. A complexidade da atmosfera, disse Lucí, é tal que não se sabe como será a primavera. "Podemos falar só em cenários." Lucí abordou o tema biomassa, definindo-a como o tipo de matéria que produz a energia a partir de material orgânico. Acrescentou que a biomassa pode ser interessante ao Brasil, desde que feita de maneira predatória.
A propósito disso, o coordenador de Relações Institucionais e Internacionais da Unicamp, Luís Augusto Cortez, informou que em breve biomassa e mudanças climáticas receberão da Fapesp uma atenção especial. Além disso, comentou que a Unicamp estará integrando o Núcleo de Energia do AUGM (Associação de Universidades do Grupo Montevidéu) nos próximos dias. "São boas as perspectivas para nossa pesquisa. O Brasil é uma inegável liderança e agora busca se inserir no contexto internacional", lembrou Cortez.
O professor Sérgio Bajay, presidente da Associação Brasileira de Estudos Estratégicos em Energia (AB3E), criada no ano passado, informou que neste mesmo sentido a associação estará promovendo o Congresso Brasileiro de Planejamento Energético e o I Encontro Latino-Americano de Energia. Conforme Ennio Peres, vice-presidente da AB3E, a Unicamp tem se destacado muito na área de biocombustíveis. "Esperamos que os temas em pauta esclareçam pontos ainda obscuros e que tragam benefício principalmente à sociedade", frisou. O evento, promovido pelo Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Energéticas (Nipe) e AB3E, prossegue com atividades ao logo do dia.