de jararaca, uma das principais serpentes peçonhentas do Brasil, usando uma metodologia única para mapear os fatores que influenciam o comportamento agressivo desses animais, e contribuir para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes no combate aos acidentes ofídicos.
Durante a pesquisa, publicada no início deste mês na revista científica Nature, Nunes pisou 40.480 mil vezes, para observar as reações das cobras em diferentes situações e identificar os gatilhos que as levam a atacar.
"Nossa pesquisa desafia a crença comum de que as jararacas só mordem quando tocadas", explica Nunes. "Ao pisar perto e em cima das cobras, com cuidado para não machucá-las, pudemos observar que diversos fatores influenciam o comportamento agressivo delas."
O estudo revelou que o tamanho da cobra é um fator determinante: quanto menor o animal, maior a probabilidade de morder. Além disso, as jararacas fêmeas se mostraram mais agressivas que os machos, especialmente quando jovens e durante o dia.
Outro fator importante identificado foi a temperatura: em dias mais quentes, as cobras apresentavam maior propensão a morder. Além disso, tocar a cabeça da cobra era mais arriscado do que tocar o corpo ou a cauda.
Os resultados da pesquisa de Nunes representam um marco no conhecimento sobre o comportamento das jararacas e abrem caminho para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção e tratamento de acidentes ofídicos no Brasil.
"Com base nas nossas descobertas, podemos prever com mais precisão onde e quando as picadas de jararaca são mais propensas a ocorrer, permitindo um planejamento mais eficaz da distribuição do soro antiveneno", destaca o pesquisador. "Isso pode salvar muitas vidas."