Agência FAPESP
Entre os temas trabalhados pela professora na SBPC estão a universalização da pesquisa nas universidades brasileiras
Glaci Theresinha Zancan, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), morreu na tarde de sexta-feira (29/6), aos 72 anos.
A pesquisadora, que tinha esclerose lateral amiotrófica, foi velada em Florianópolis no sábado e cremada em Curitiba na manhã seguinte. Tinha larga experiência na área de bioquímica, com ênfase em bioquímica de microrganismos. Em 2000, recebeu do governo federal a Ordem do Mérito Ciéntífico, na categoria Grã-Cruz.
Glaci, que iniciou carreira na UFPR em 1960, trabalhou na instituição até se aposentar, em 2003. Graduou-se e fez doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com especialização na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica. O pós-doutorado foi feito na Universidade de Buenos Aires, na Argentina, quando trabalhou com Luiz Frederico Leloir, prêmio Nobel de Medicina de 1970.
Foi também chefe do Departamento de Bioquímica e co-fundadora e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Bioquímica da UFPR, no qual formou 24 mestres e doutores. Ocupou a vice-presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), de 1995 a 1999, e a presidência, de 1999 a 2003.
Entre os temas trabalhados pela professora na SBPC estão a universalização da pesquisa nas universidades brasileiras, a rigorosa análise de mérito dos projetos por pares competentes, a profissionalização do docente universitário e a valorização do trabalho e da competência nas instituições de pesquisa e universidades.
Glaci foi presidente e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq) e membro do Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), de 2005 a 2007. Presidiu a Comissão do Plano Nacional de Pós-Graduação, também na Capes, e coordenou a Escola Brasileiro-Argentina de Biotecnologia.
Em julho de 2003, na 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Recife, Glaci Zancan, gaúcha de São Borja que não se casou e nem teve filhos, concedeu uma entrevista exclusiva à Agência FAPESP.
Então presidente da instituição, ela falou sobre suas principais conquistas à frente da SBPC, defendeu uma reforma radical nas universidades brasileiras e apresentou propostas para descentralizar a pesquisa no país.
"A professora Glaci deu enorme contribuição ao desenvolvimento da ciência no Brasil como cientista e como liderança acadêmica respeitada, que sempre soube aliar a efetiva ação política com elevados referenciais acadêmicos", disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.