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Revista Avicultura Industrial

Biofilme, a base de quitosana, pode dobrar prazo de validade dos ovos

Publicado em 01 março 2020

Por Caroline Mendes

Além de ovos, ele pode ser usado para revestir embalagens de alimentos diversos, conferindo maior resistência mecânica e proteção contra microrganismos

Por| Caroline Mendes

Pesquis adores do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), ligado ao Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na Universidade de São Carlos (UFSCar), desenvolveram um biofilme que possibilita revestir ovos e prolonga seu prazo de validade. O mate nal foi produzido à base de quitosana, polímero natural extraído da carapaça de crustáceos como camarão, lagosta e caranguejo. Além de ovos, ele pode ser usado para revestir embalagens de alimentos diversos, confer ndo maior resistência mecânica e proteção contra microrganismos.

O trabalho contou com a colaboração de cientistas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Luiz Fernando Gorup, professor visitante da UFGD e coordenador do projeto ao lado de Eduardo José de Arruda, da mesma e universidade, explica que além de aumentar a resistência e ter prop neda des antifúngica e bactericida, o biofilme permite vedar microfissuras e poros na superfície de ovos. Isso resulta em um aumento do tempo de prateleira do produto. Arruda estima que o revestimento prolonga a durabilidade do ovo de 30 para 50 ou até 60 dias, dependendo das condições de armazenamento. O material, que já teve patente depositada no Instituto Nacional da Propnedade Industnal (INPD, foi obtido por meio da associação de quitosana e sais de quaternários de amônia de todas as gerações disponíveis comercialmente.

O 46 Avicultura Industrial nº01| 2020 « Esses compostos, com prop neda des antimicrobianas, são usados em concentrações controladas em indústnas de alimentos para desinfecção e como sanitizantes domésticos. À combinação com a quitosana em uma determinada concentração ideal resultou em misturas poliméricas nas quais os sais de quaternários de amônia ficam homogeneamente dispersos ou contidos na estrutura do mate nal. “ Essas misturas poliméricas podem ser usadas nas formas de solução, emulsão, gel e dispersões, ou ainda contidas em outras matizes ou suportes naturais ou sintéticos ”, explicou Gorup.

PROCESSO DE PULVERIZAÇÃO Na forma líquida, por exemplo, o material| pode ser pulverizado nos aviários diretamente sobre a casca de ovos ou no banho de desinfecção do produto, eh na etapa de higienização. Ao perder água rapidamente e secar, a mistura polimérica retorna ao seu estado comicial, de polimero, com cadeias de sais de quaternários de amônia entrelaçadas em sua estrutura. Semelhante a um verniz flexivel, o material forma um biofilme que impede a colonização de fungos e bactérias na superfície da casca do ovo, impedindo que os microrganismos penetrem através de microfissuras ou poros. Além disso, revestindo o produto, é impedida a perda de umidade, há um melhor controle dos gases e, consequentemente, se evita podem ser usadas nas a perda de massa do ovo por evaporação, protegendo o alimento em toda a cadeia, da produção à comercialização. “ Constatamos, em testes labora tonais, que ovos recobertos com o material perdem 40% menos massa do que os sem a proteção ”, afirmou Gorup.

MERCADO A ideia é que o novo material seja dispo mbi liza do para comercialização e aplicação em a viá nos por pulverização ou banhos de higienização, após a etapa de polimento dos ovos, antenor à seleção por tamanho. “ Essas misturas poliméricas O produto pode ser pulverizado por meio de um borneador convencional ao passar pela formas de solu Ç ão. emulsão esteira transportadora para ser empacotado. gele dispersões, ou ainda contidas em outras matrizes “ Nosso objetivo é desenvolver junto aos produtores uma solução já na concentração ideal para aplicação por meio de um ou suportes naturais ou processo simples, de modo a não afetar sintéticos ”, Luiz Fernando financeiramente a cadeia de produção de Gor Up, da UFGD ovos comerciais, pois são produtos muito baratos ”, disse Gorup.

Na avaliação dos pesquisadores, as soluções à base de quaternários de amônia, empregadas hoje na pul venza ção de ovos incubáveis para desinfecção do produto, não são totalmente eficazes para combater salmonelas e outros microrganismos. Isso porque, ao secar, os sais de quaternários de amônia presentes nessas soluções se desprendem facilmente da superfície da casca do ovo por qualquer abrasão mecânica durante o transporte, por exemplo. “ No caso do biopolímero não há esse risco, pois as partículas do composto estão homogeneamente dispersas na superfície'', comparou.