Além de ovos, ele pode ser usado para revestir embalagens de alimentos diversos, conferindo maior resistência mecânica e proteção contra microrganismos
Por| Caroline Mendes
Pesquis adores do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), ligado ao Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na Universidade de São Carlos (UFSCar), desenvolveram um biofilme que possibilita revestir ovos e prolonga seu prazo de validade. O mate nal foi produzido à base de quitosana, polímero natural extraído da carapaça de crustáceos como camarão, lagosta e caranguejo. Além de ovos, ele pode ser usado para revestir embalagens de alimentos diversos, confer ndo maior resistência mecânica e proteção contra microrganismos.
O trabalho contou com a colaboração de cientistas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Luiz Fernando Gorup, professor visitante da UFGD e coordenador do projeto ao lado de Eduardo José de Arruda, da mesma e universidade, explica que além de aumentar a resistência e ter prop neda des antifúngica e bactericida, o biofilme permite vedar microfissuras e poros na superfície de ovos. Isso resulta em um aumento do tempo de prateleira do produto. Arruda estima que o revestimento prolonga a durabilidade do ovo de 30 para 50 ou até 60 dias, dependendo das condições de armazenamento. O material, que já teve patente depositada no Instituto Nacional da Propnedade Industnal (INPD, foi obtido por meio da associação de quitosana e sais de quaternários de amônia de todas as gerações disponíveis comercialmente.
O 46 Avicultura Industrial nº01| 2020 « Esses compostos, com prop neda des antimicrobianas, são usados em concentrações controladas em indústnas de alimentos para desinfecção e como sanitizantes domésticos. À combinação com a quitosana em uma determinada concentração ideal resultou em misturas poliméricas nas quais os sais de quaternários de amônia ficam homogeneamente dispersos ou contidos na estrutura do mate nal. “ Essas misturas poliméricas podem ser usadas nas formas de solução, emulsão, gel e dispersões, ou ainda contidas em outras matizes ou suportes naturais ou sintéticos ”, explicou Gorup.
PROCESSO DE PULVERIZAÇÃO Na forma líquida, por exemplo, o material| pode ser pulverizado nos aviários diretamente sobre a casca de ovos ou no banho de desinfecção do produto, eh na etapa de higienização. Ao perder água rapidamente e secar, a mistura polimérica retorna ao seu estado comicial, de polimero, com cadeias de sais de quaternários de amônia entrelaçadas em sua estrutura. Semelhante a um verniz flexivel, o material forma um biofilme que impede a colonização de fungos e bactérias na superfície da casca do ovo, impedindo que os microrganismos penetrem através de microfissuras ou poros. Além disso, revestindo o produto, é impedida a perda de umidade, há um melhor controle dos gases e, consequentemente, se evita podem ser usadas nas a perda de massa do ovo por evaporação, protegendo o alimento em toda a cadeia, da produção à comercialização. “ Constatamos, em testes labora tonais, que ovos recobertos com o material perdem 40% menos massa do que os sem a proteção ”, afirmou Gorup.
MERCADO A ideia é que o novo material seja dispo mbi liza do para comercialização e aplicação em a viá nos por pulverização ou banhos de higienização, após a etapa de polimento dos ovos, antenor à seleção por tamanho. “ Essas misturas poliméricas O produto pode ser pulverizado por meio de um borneador convencional ao passar pela formas de solu Ç ão. emulsão esteira transportadora para ser empacotado. gele dispersões, ou ainda contidas em outras matrizes “ Nosso objetivo é desenvolver junto aos produtores uma solução já na concentração ideal para aplicação por meio de um ou suportes naturais ou processo simples, de modo a não afetar sintéticos ”, Luiz Fernando financeiramente a cadeia de produção de Gor Up, da UFGD ovos comerciais, pois são produtos muito baratos ”, disse Gorup.
Na avaliação dos pesquisadores, as soluções à base de quaternários de amônia, empregadas hoje na pul venza ção de ovos incubáveis para desinfecção do produto, não são totalmente eficazes para combater salmonelas e outros microrganismos. Isso porque, ao secar, os sais de quaternários de amônia presentes nessas soluções se desprendem facilmente da superfície da casca do ovo por qualquer abrasão mecânica durante o transporte, por exemplo. “ No caso do biopolímero não há esse risco, pois as partículas do composto estão homogeneamente dispersas na superfície'', comparou.