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Biofertilizante: pesquisa estuda bactérias que promovem crescimento de plantas

Publicado em 09 agosto 2019

Você provavelmente já deve ter ouvido falar da eficácia dos biofertilizantes, certo? Como é sabido, trata-se de um adubo orgânico líquido feito com materiais fáceis de serem encontrados e que, em geral, fica pronto em um tempo relativamente curto. Costuma ser aplicado via pulverizações nas folhas ou junto com a água de irrigação. Fornece nutrientes essenciais para as plantas e auxiliam no controle de doenças e insetos. Os biofertilizantes propiciam uma resposta mais rápida que os fertilizantes de solo. Utiliza-se na concentração de 2% para mudas e 5% para plantas no campo

As pesquisas sobre Biofertilizantes não param de evoluir, o conhecimento produz transformações surpreendentes no campo, ainda que no primeiro momento sejam invisíveis aos olhos humanos.

É que pesquisadores do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) estão estudando bactérias que promovem o crescimento das plantas.

Como foram isolados do solo, esses organismos têm potencial para serem usados como fertilizantes sem causar a poluição das águas e alterações prejudiciais ao próprio solo, como pode ocorrer com fertilizantes químicos.

Sob a regência da pesquisadora Juliana Velasco, depois de isolar as bactérias do solo, a equipe começou a identificar os chamados compostos orgânicos voláteis (COVs), que são produtos decorrentes do metabolismo das bactérias capazes de promoverem o crescimento de plantas.

"O objetivo agora é investigar e entender como o metabolismo da planta se altera por conta dessas moléculas sinalizadoras," comentou a pesquisadora.

Ela explica que para a primeira fase do trabalho foram usadas duas espécies de plantas modelos, a Arabidopsis thaliana e a Setaria viridis, e foram selecionadas as cepas bacterianas que mais contribuíram para o crescimento dessas plantas.

A etapa agora é de testes das bactérias no cultivo do arroz, ainda em escala de laboratório. "A princípio, a substituição total de fertilizantes químicos é impossível. Mas com certeza podemos diminuir consideravelmente o uso deles quando utilizamos produtos biológicos", disse Juliana.

De acordo com a pesquisa, a meta é desenvolver um bioproduto que possa ser aplicado no solo em forma sólida (como pó) ou líquida, em princípio em culturas como cana-de-açúcar, milho e arroz. Vale lembrar que tecnologias semelhantes já são usadas para a fixação de nitrogênio.

Juliana destacou a relevância dos avanços nas pesquisas de biofertilizantes, pois em boa parte das lavouras de soja brasileira, produtos bacterianos são usados como substitutos aos adubos nitrogenados (fertilizantes).

O uso em excesso desses ‘adubos nitrogenados’ é polêmico, por causar possível contaminação do solo e dos ecossistemas aquáticos, além de aumentar a emissão de óxido nitroso, que agrava o efeito estufa.

*Com informações da Ag. Fapesp