A Agência Unesp de Inovação (AUIN), com sede no câmpus da Barra Funda, em São Paulo, promoverá hoje (20/10), a partir das 8h, o 2º Simpósio de Inovação Tecnológica - Ano Internacional da Biodiversidade. Serão apresentadas conferências e mesas-redondas com pesquisadores e empresários das indústrias farmacêuticas e de cosméticos e do setor agropecuário. O encontro foi realizado com recursos do auxílio-evento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), um apoio dado apenas a iniciativas de grande expressão nacional.
O simpósio é realizado na mesma semana em que começa a Convenção da ONU sobre a Diversidade Biológica, a chamada "COP da biodiversidade". Desde o dia 18 de outubro até o próximo dia 29, o encontro internacional reúne representantes de quase duzentos países na cidade de Nagoya, no Japão. As nações têm discutido a crescente degradação da biodiversidade no mundo e as consequências econômicas da destruição desse patrimônio.
Outro tema que os palestrantes explorarão no simpósio da Barra Funda será o modelo de marcos regulatórios para o setor. "A biodiversidade no Brasil poderia ser muito melhor conhecida, mas os pesquisadores estão reféns de um sistema anacrônico, que dificulta o trabalho dos cientistas", afirma uma das organizadoras do evento, Vanderlan da Silva Bolzani, professora do Instituto de Química (IQ), câmpus de Araraquara, e uma das coordenadoras do Projeto Biota-Fapesp (Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo). Para a especialista, a regulamentação é necessária, mas não pode se pautar por preconceitos, como o de achar que a intenção dos estudiosos é "roubar" o conhecimento indígena, por exemplo.
A conferência de abertura será ministrada pelo diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique Brito da Cruz. Ele tratará de temas como a inovação na educação e nas universidades, pesquisas colaborativas e spin offs, um termo inglês usado para se referir a empresas que nascem de grupos de estudos científicos. Na sequência, será a vez do diretor de Engenharias, Ciências Exatas e Humanas do CNPq, Glaucius Oliva, que abordará a questão da transferência de inovação para os setores industriais.
Ainda pela manhã, haverá um debate sobre tecnologia cosmética e de higiene pessoal. Participarão das discussões o farmacêutico Alberto José Cavalheiro, professor do IQ, e a vice-presidente de Inovação da Natura Cosméticos S.A, a engenheira florestal Telma Sinício. O físico Ronaldo Mota, secretário nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) fará uma conferência, à tarde, sobre inovações tecnológicas nas empresas.
O último assunto do dia será saúde humana e animal. O diretor de PD I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) da Aché Laboratórios Farmacêuticos, Carlos Melo, debaterá com os presentes ao lado do diretor de PD I da empresa Ouro Fino Agronegócio, Carlos Henrique Henrique. O professor Marcos Macari, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, reitor da Unesp de 2005 a 2008, será o mediador da mesa-redonda.
Sobre a AUIN
O primeiro Simpósio de Inovação Tecnológica foi realizado em 2007, na inauguração da Agência Unesp de Inovação. A AUIN foi criada para gerir a política de proteção e inovação das criações intelectuais da Universidade, além de regular a exploração econômica desse conhecimento. O orçamento e as ações do órgão estão detalhados no Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp.
Após três anos de funcionamento, a AUIN já acumula um portfólio importante, conforme a professora Vanderlan. "Além de mostrar a expressividade das pesquisas realizadas pela Unesp, a agência ajuda a criar uma cultura geral de que não há essa diferenciação entre pesquisa básica e aplicada, mas pesquisas bem aplicadas ao desenvolvimento".