Produtos de plástico biodegradável: verdade ou falso?
Em um esforço para reduzir o impacto ambiental do plástico, muitos produtos estão sendo vendidos como alternativas biodegradáveis. No entanto, um recente estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo questiona a verdadeira eficácia dessas alternativas.
A pesquisa, liderada pelo professor Ítalo Castro, analisou diversos produtos supostamente feitos com plásticos biodegradáveis à venda em 40 supermercados brasileiros. O que os pesquisadores descobriram é preocupante: nenhum desses produtos, mesmo os de marcas populares, atendeu aos requisitos mínimos para ser considerado verdadeiramente biodegradável.
O que realmente é biodegradável?
De acordo com o professor Castro, os produtos biodegradáveis se convertem em água, gás carbônico, metano e biomassa em um curto intervalo de tempo, que varia de algumas semanas a um ano.
No entanto, a maioria dos produtos testados no estudo foram feitos com uma classe de materiais chamados oxodegradáveis, que não sofrem degradação em condições ambientais normais. Na verdade, eles podem permanecer por décadas na natureza e acelerar a formação de microplásticos.
Quais são as implicações disso?
A circulação e comercialização de produtos que não cumprem o que prometem do ponto de vista ambiental, pode ser considerada uma prática de greenwashing – uma tática de marketing enganosa usada para fazer um produto parecer mais ambientalmente amigável do que realmente é.
Além disso, esses produtos não atendem aos padrões de biodegradabilidade, enganando os consumidores e prejudicando ainda mais o meio ambiente.
Há alguma esperança?
Depende das ações futuras. Atualmente, está em trâmite na Câmara dos Deputados o projeto de lei 2524/2022 que visa proibir o uso de aditivos oxidegradáveis ou pró-oxidantes em resinas termoplásticas, assim como a fabricação, a importação e a comercialização de embalagens e produtos feitos de plásticos oxidegradáveis. Se aprovado, poderá contribuir para a implementação de uma economia circular do plástico no Brasil, que é uma necessidade urgente considerando o estado atual do ambiente global.