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Biocombustível une Boeing e Embraer

Publicado em 13 maio 2014

Por Júlio Ottoboni

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - A área de biocombustível aeronáutico atraiu a atenção da Boeing a partir de experimentos da Embraer, em parceria com a Unicamp. Agora, as empresas assinaram um memorando de entendimentos (MoU) para a criação de um Centro Conjunto de Pesquisa na área de Biocombustíveis, em São José dos Campos.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a aviação comercial responde por 2% das emissões do planeta. Para aviões de grande porte, a aposta está no bioquerosene, o que pode aumentar o peso do avião, refletindo em viagens mais caras. Para aviões de pequeno porte, o etanol é visto como alternativa. Outra solução poderá ser o uso do hidrogênio.

A Unicamp foi pioneira neste estudo e desde meados dos anos 2000 já pesquisa o assunto na Faculdade de Engenharia Química (FEQ), que desenvolveu a tecnologia de um novo processo de produção de bioquerosene a partir de óleos vegetais. O centro em S. José dos Campos tem o objetivo de desenvolver as tecnologias que possibilitem o estabelecimento da cadeia de biocombustíveis sustentáveis para a aviação.

"A Embraer está comprometida em apoiar o desenvolvimento de biocombustíveis sustentáveis para a aviação, e os esforços conjuntos com a Boeing certamente contribuirão para que a empresa siga acompanhando a vanguarda das pesquisas no tema", diz Mauro Kern, vice-presidente executivo de engenharia e tecnologia da Embraer. "O Brasil tem tradição na área de combustíveis alternativos, além de possuir um enorme potencial a ser explorado na pesquisa em bioenergia", completa.

Segundo a diretora executiva de estratégia e integração ambiental da Boeing Aviação Comercial, Julie Felgar, a gigante norte-americana trabalha com muito empenho em todo mundo para expandir o fornecimento de biocombustível sustentável para aviação e reduzir as emissões de carbono da indústria.

"Esse centro de pesquisa conjunto mostra o forte compromisso da Boeing e da Embraer para contribuir com o sucesso da indústria de biocombustível sustentável de aviação no Brasil", reforçou.

Como o Brasil foi pioneiro nas pesquisas e na utilização de biocombustíveis em diversas áreas, principalmente na automobilística e um dos pioneiros no segmento aeronáutico, a direção da Boeing se interessou na aproximação.

"A Boeing e a Embraer têm uma grande oportunidade de trabalhar em parceria para aprimorar as capacidades de biocombustível para aviação do Brasil, e também aumentar o acesso da indústria global ao biocombustível para aviação", afirmou o vice-presidente da Boeing Pesquisa & Tecnologia-Brasil, Al Bryant. Está prevista também a possibilidade de que outras empresas e instituições tomem parte nas atividades de Pesquisa & Desenvolvimento. Ainda não estão definidas quais serão os futuros parceiros.

Meta é combustível menos poluente

A necessidade da mudança para um combustível menos poluente veio de pressões sobre a indústria aeronáutica, que assumiu o compromisso de reduzir seu impacto ambiental e estabeleceu metas para atingir um crescimento neutro em carbono até 2020. A intenção é reduzir emissões de dióxido de carbono em 50% até 2050 num cenário comparativo aos níveis de emissão de 2005.

Diversas iniciativas vêm sendo desenvolvidas, inclusive no Brasil, para que se produza um biocombustível para aviação economicamente viável e que cumpra as estritas exigências aeronáuticas.

Uma dessas iniciativas foi a demonstração da viabilidade técnica de um biocombustível produzido a partir da cana de açúcar, realizada através de voo-teste com um Embraer 195, durante a Rio+20, em 2012, já como resultado dos trabalhos na Unicamp.

Em 2011, uma parceria entre Embraer, Boeing e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) pesquisou a possibilidade da constituição de um Plano de Voo para Biocombustíveis de Aviação no Brasil: Plano de Ação.

Esse projeto foi criado no ano passado e aponta os principais rumos para o desenvolvimento de uma indústria sustentável de biocombustíveis para o setor aéreo no Brasil.