Duas empresas de bioenergia instaladas no interior paulista estão perto de produzir combustível para a aviação civil tendo a cana-de-açúcar como matéria prima. A Amyris, instalada em Brotas, perto de Bauru, desde dezembro de 2012 utiliza o caldo de cana e linhagens de leveduras geneticamente modificadas para produzir o farneseno, uma substância que depois de processo de hidrogenação se transforma no bioquerosene. Trata-se de um produto líquido feito a partir do caldo de cana com o uso de linhagens de leveduras Saccharomyces cerevisiae. Esses microrganismos transformados atuam no processo de fermentação e levam à produção do farneseno, e não do etanol. A partir desse produto será possível, por processos de refino específicos, fabricar tanto o bioquerosene como produtos para a indústria química ou, ainda, o diesel que foi o primeiro alvo da empresa no Brasil. A outra empresa é a Solazyme instalada desde 2011 em Orindiúva, na região de São José do Rio Preto, num acordo comercial com a Bunge. Ela utiliza algas e caldo de cana para produzir um óleo primordial que, depois de um processo de craqueamento semelhante ao do petróleo, é transformado em bioquerosene com as mesmas especificações do querosene usado em aeronaves.
Pesquisa. Essas informações estão na edição de julho da Revista Pesquisa, da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que acaba de ser publicada. Amyris e Solazyme fizeram parte de grupo de 33 parceiros, entre empresas e instituições de pesquisa, que participaram do estudo “Plano de voo para biocombustíveis de aviação no Brasil”, patrocinado pela Embraer e pela Boeing, financiado pela Fapesp e coordenado pela Unicamp.
wmarini@apj.inf.br