De acordo com a pesquisa, a mistura de 25% ou mais de biocombustíveis em combustíveis convencionais em países selecionados da África e da Ásia pode resultar em uma redução de até 262 milhões de toneladas de CO₂ equivalente por ano na pegada de carbono total. O estudo, liderado por Glaucia Mendes Souza, professora titular do Departamento de Bioquímica da universidade de são paulo (USP) e coordenadora do Programa de Bioenergia (BIOEN) da FAPESP, analisa o potencial dessa mistura em sete mercados emergentes: China, Etiópia, Índia, Indonésia, Malásia, África do Sul e Tailândia. Esses países, junto com Argentina, Brasil, Colômbia e Guatemala — avaliados em uma pesquisa anterior — podem contribuir com quase metade da meta de redução de emissões globais necessárias para atingir a neutralidade de carbono no setor de transporte até 2050.
O documento será apresentado em um evento organizado pelo Programa de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN/FAPESP), pelo Programa de Colaboração em Tecnologia de Bioenergia da IEA Bioenergy e pela sociedade de Bioenergia (SBE).
Estratégia para o Futuro do Transporte Sustentável
A iniciativa busca estabelecer uma estratégia custo-efetiva para reduzir as emissões de GEE no setor de transportes, que deverá crescer rapidamente nos próximos anos devido ao desenvolvimento econômico desses países. O relatório estima as emissões de GEE associadas ao biodiesel e ao etanol em mercados emergentes da África e da Ásia. Segundo Souza, reduções de até 87% foram observadas em algumas misturas em comparação às suas contrapartes fósseis.
A pesquisadora afirma que os biocombustíveis se mostram competitivos em termos de custos em relação aos combustíveis fósseis, exceto em casos onde as matérias -primas são dispendiosas ou onde os combustíveis fósseis recebem grandes subsídios.
Comércio Internacional e Sustentabilidade
O relatório também considera a adoção do comércio internacional de biocombustíveis como alternativa viável à utilização de matérias-primas locais, estratégia comumente aplicada aos combustíveis fósseis. Os resultados mostram que essa abordagem é competitiva em termos de custo. Além disso, as emissões adicionais de GEE provenientes do transporte internacional são facilmente compensadas pelas economias de GEE geradas pelos biocombustíveis.
Por fim, o relatório do Task 39 da IEA Bioenergy oferece recomendações aos formuladores de políticas públicas, sugerindo o desenvolvimento de políticas que incentivem práticas sustentáveis, ao mesmo tempo em que excluem aquelas consideradas insustentáveis, tudo fundamentado em sistemas de certificação.
Fonte: portaldoagronegocio