A cidade de São Paulo vai lançar, em agosto, um projeto piloto que oferece créditos no Bilhete Único para moradores que utilizam a bicicleta como meio de transporte no dia a dia. A iniciativa, chamada Bike SP, foi originalmente prevista por uma lei municipal aprovada em 2016, mas ainda não havia sido regulamentada.
Por conta disso, cerca de dois anos atrás, a Prefeitura procurou um grupo de pesquisa na Universidade de São Paulo (USP) — que já atuava na área de mobilidade urbana — para desenvolver um estudo científico que fornecesse embasamento técnico e evidências para a regulamentação da lei.
Em entrevista ao CBN São Paulo, Fábio Kon, professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP e coordenador do projeto, explicou como o experimento irá avaliar a viabilidade do programa que integra bicicleta e transporte público. De acordo com ele, a USP desenvolveu um aplicativo que será usado no experimento.
"Desenvolvemos um aplicativo de celular que permite que o ciclista cadastre os locais de residência, de trabalho, de estudo, etc. Pode cadastrar também hubs de transporte público, terminais de ônibus, estações de metrô ou de trem. Daí, quando ele vai fazer uma viagem, por exemplo, da casa dele até o trabalho, ele pega o aplicativo e clica em iniciar viagem. O aplicativo já detecta onde ele está e começa a rastrear essa viagem. Quando ele chega no seu destino, ele aperta finalizar a viagem e a gente tem alguns algoritmos que vão verificar se a viagem foi realmente feita de bicicleta. Caso ela seja aprovada, será creditado um valor no Bilhete Único dessa pessoa diretamente."
O teste terá duração de aproximadamente três meses e os dados coletados servirão para embasar a regulamentação definitiva do programa. O valor por quilômetro pedalado ainda será definido durante o estudo.
Além de promover o uso da bicicleta, o projeto também pretende gerar um mapeamento inédito dos deslocamentos cicloviários em São Paulo.
"A gente vai ter centenas de milhares de viagens feitas em bicicleta na cidade de São Paulo e a gente vai saber cada quarteirão que cada bicicleta passou. Então, a gente vai ter uma informação que quase nenhuma cidade do mundo tem hoje, que é exatamente por onde circulam os seus ciclistas. Na cidade de São Paulo, a gente não sabe isso. Isso vai ser muito rico, por exemplo, para planejar a expansão da infraestrutura cicloviária."
Participação no projeto piloto
O estudo precisa de mil a 1.300 pessoas para garantir robustez estatística. Os interessados devem:
- Ter mais de 18 anos;
- Residir na cidade de São Paulo;
- Ter um Bilhete Único ativo;
- Se cadastrar no site ime.usp.br/bikesp.
Por Redação