Um dos maiores e mais abrangentes levantamentos da flora brasileira agora está disponível na internet. 'Flora Brasiliensis', obra rara do botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, produzida de 1840 a 1906, ganhou versão on-line e pode ser acessada no endereço eletrônico http://florabrasiliensis.cria.org.br. O lançamento ocorreu na última quarta-feira, durante a 8ª Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), em Curitiba.
Na 'Flora Brasiliensis' estão descritas 22.767 espécies, que representam o conjunto das plantas conhecidas até meados do século XIX. Na obra também estão 3.811 desenhos de plantas, flores, frutos e sementes. A digitalização das imagens para o site foi feita pelo Jardim Botânico de Missouri, nos Estados Unidos. Em alta resolução e com grande riqueza de detalhes, os desenhos poderão ser consultados pelo nome científico de cada espécie, pelo volume ou pela página da obra impressa.
O desenvolvimento e gerenciamento do grande banco de dados da 'Flora Brasiliensis On-Line' está sob a responsabilidade do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria). Um banco de imagens de plantas vivas no campo e de amostras existentes em herbários, associadas às imagens das pranchas digitalizadas, está em andamento.
Em Belém, a Biblioteca Ferreira Penna, do Museu Paraense Emílio Goeldi, possui um dos originais da obra, até hoje uma das mais procuradas pelos botânicos. 'Temos aqui 15 volumes divididos em 40 partes', explica a coordenadora de informação e documentação do Museu Goeldi, Doralice Romeiro. 'Por se tratar de uma obra rara, muito consultada por estudiosos das áreas de botânica e biodiversidade, o acesso através da internet vai facilitar muito as pesquisas', diz ela, acrescentando que muitas das seis mil espécies catalogadas na obra não existem mais. A expectativa é que a digitalização ajude a preencher lacunas sobre a botânica brasileira, tornando as informações mais acessíveis a pesquisadores e professores do mundo todo.
Para realizar o projeto, foram digitalizadas em alta resolução as pranchas de famílias selecionadas descritas. Os trabalhos referentes à atualização dos nomes estão sendo coordenados por pesquisadores do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia da Unicamp. Com orçamento de R$ 425 mil, o projeto é patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Natura e Fundação Vitae.
Gigantismo — A 'Flora Brasiliensis' foi produzida pelos editores Carl Friedrich Philipp V. Martius, August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban, com a participação de 65 especialistas de vários países. Ao todo são 10.367 páginas, reunidas em 15 volumes. A versão original é um gigante de milhares de páginas do tamanho de uma folha de jornal - pouco adequado e caro demais para qualquer prateleira convencional. Uma única edição foi impressa, e a maioria das cópias está guardada em bibliotecas de livros raros.
Carl von Martius chegou ao Brasil ainda jovem, em 1817, como parte da Missão Austríaca que acompanhou a arquiduquesa Leopoldina ao País, para seu casamento com Dom Pedro I. O levantamento da flora (parte do dote da futura imperatriz) foi feito ao longo de dois anos de expedições pelos principais biomas brasileiros.
Entre dezembro de 1817 e março de 1820, sempre acompanhado de importantes naturalistas, Von Martius percorreu cerca de 10 mil quilômetros, da mata atlântica, de São Paulo até alguns dos pontos mais remotos da floresta amazônica, passando pelo cerrado e pela caatinga. A cada passo, a equipe coletava amostras de plantas, que, ao final, seriam levadas de volta à Baviera (Alemanha) para identificação e classificação.
O roteiro da viagem começou nas imediações da Corte do Rio de Janeiro. Em seguida, continuou para São Paulo e Minas Gerais. A expedição cruzou a Bahia, seguindo para Pernambuco, Piauí e Maranhão. De navio, seguiu para Belém e subiu o rio Amazonas até o Solimões. Dali, o zoólogo Johann Baptiste von Spix continuou pelo Amazonas até os limites do Peru, enquanto Von Martius seguiu pelo rio Japurá até a fronteira com a Colômbia. Os dois se reencontraram e continuaram a viagem pelo rio Madeira.
O trabalho foi concluído 66 anos depois, com a publicação final dos fascículos em 1906. Mesmo um século depois, a publicação não perdeu sua importância. 'Não há quem trabalhe com classificação botânica no Brasil sem consultar a 'Flora Brasiliensis'', afirma Doralice Romeiro.
Na 'Flora Brasiliensis' estão descritas 22.767 espécies, que representam o conjunto das plantas conhecidas até meados do século XIX. Na obra também estão 3.811 desenhos de plantas, flores, frutos e sementes. A digitalização das imagens para o site foi feita pelo Jardim Botânico de Missouri, nos Estados Unidos. Em alta resolução e com grande riqueza de detalhes, os desenhos poderão ser consultados pelo nome científico de cada espécie, pelo volume ou pela página da obra impressa.
O desenvolvimento e gerenciamento do grande banco de dados da 'Flora Brasiliensis On-Line' está sob a responsabilidade do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria). Um banco de imagens de plantas vivas no campo e de amostras existentes em herbários, associadas às imagens das pranchas digitalizadas, está em andamento.
Em Belém, a Biblioteca Ferreira Penna, do Museu Paraense Emílio Goeldi, possui um dos originais da obra, até hoje uma das mais procuradas pelos botânicos. 'Temos aqui 15 volumes divididos em 40 partes', explica a coordenadora de informação e documentação do Museu Goeldi, Doralice Romeiro. 'Por se tratar de uma obra rara, muito consultada por estudiosos das áreas de botânica e biodiversidade, o acesso através da internet vai facilitar muito as pesquisas', diz ela, acrescentando que muitas das seis mil espécies catalogadas na obra não existem mais. A expectativa é que a digitalização ajude a preencher lacunas sobre a botânica brasileira, tornando as informações mais acessíveis a pesquisadores e professores do mundo todo.
Para realizar o projeto, foram digitalizadas em alta resolução as pranchas de famílias selecionadas descritas. Os trabalhos referentes à atualização dos nomes estão sendo coordenados por pesquisadores do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia da Unicamp. Com orçamento de R$ 425 mil, o projeto é patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Natura e Fundação Vitae.
Gigantismo — A 'Flora Brasiliensis' foi produzida pelos editores Carl Friedrich Philipp V. Martius, August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban, com a participação de 65 especialistas de vários países. Ao todo são 10.367 páginas, reunidas em 15 volumes. A versão original é um gigante de milhares de páginas do tamanho de uma folha de jornal - pouco adequado e caro demais para qualquer prateleira convencional. Uma única edição foi impressa, e a maioria das cópias está guardada em bibliotecas de livros raros.
Carl von Martius chegou ao Brasil ainda jovem, em 1817, como parte da Missão Austríaca que acompanhou a arquiduquesa Leopoldina ao País, para seu casamento com Dom Pedro I. O levantamento da flora (parte do dote da futura imperatriz) foi feito ao longo de dois anos de expedições pelos principais biomas brasileiros.
Entre dezembro de 1817 e março de 1820, sempre acompanhado de importantes naturalistas, Von Martius percorreu cerca de 10 mil quilômetros, da mata atlântica, de São Paulo até alguns dos pontos mais remotos da floresta amazônica, passando pelo cerrado e pela caatinga. A cada passo, a equipe coletava amostras de plantas, que, ao final, seriam levadas de volta à Baviera (Alemanha) para identificação e classificação.
O roteiro da viagem começou nas imediações da Corte do Rio de Janeiro. Em seguida, continuou para São Paulo e Minas Gerais. A expedição cruzou a Bahia, seguindo para Pernambuco, Piauí e Maranhão. De navio, seguiu para Belém e subiu o rio Amazonas até o Solimões. Dali, o zoólogo Johann Baptiste von Spix continuou pelo Amazonas até os limites do Peru, enquanto Von Martius seguiu pelo rio Japurá até a fronteira com a Colômbia. Os dois se reencontraram e continuaram a viagem pelo rio Madeira.
O trabalho foi concluído 66 anos depois, com a publicação final dos fascículos em 1906. Mesmo um século depois, a publicação não perdeu sua importância. 'Não há quem trabalhe com classificação botânica no Brasil sem consultar a 'Flora Brasiliensis'', afirma Doralice Romeiro.