De acordo com alguns jornalistas e pesquisadores interessados em Ciência e Tecnologia (C&T), o início do decênio de 1970 marca as primeiras tentativas organizacionais do jornalismo científico no Brasil.
Em 1977, na cidade de São Paulo, foi criada a Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC) e no ano seguinte foi registrada, tendo como seu primeiro presidente o médico, pesquisador, jornalista e professor José Reis.
Anos depois, outras iniciativas começaram a se configurar no campo prático do jornalismo científico no Brasil, resultando nos lançamentos das revistas Ciência Hoje, em 1982, e Superinteressante, em 1987, esta última seguindo uma linha editorial voltada para o público jovem, explorando o lado fascinante das curiosidades científicas.
Nesse período, a maioria dos jornais diários e revistas semanais de grande circulação nacional abriram espaços generosos para a divulgação de C&T, destacando a produção internacional e muito pouco, quase nada, no tocante à produção nacional.
Entretanto, o cenário começou a mudar quando alguns cursos de Comunicação introduziram em seus currículos disciplinas de Jornalismo Científico. Assim, com a formação de profissionais especializados, a produção científica nacional passou a ser um pouco mais divulgada para os leitores brasileiros, embora ela ainda seja mais veiculada no exterior, geralmente em inglês, em periódicos internacionais específicos.
Como no Brasil C&T são produzidas tradicionalmente em universidades e institutos de pesquisas, alguns profissionais da imprensa e dirigentes dessas instituições ao perceberem a importância estratégica do marketing implícito na divulgação científica, resolveram produzir informativos, jornais e revistas, contribuindo para alimentar a mídia extra-acadêmica com matéria-prima obtida diretamente da fonte.
Seguindo esta linha, algumas instituições universitárias lançaram informativos com a formatação de jornalismo científico veiculados na forma impressa ou eletrônica, tais como: UNICAMP (Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo – Labjor), USP, UFRJ, UFSC, UFBA, UFPE, UEPB e UFCG.
Neste particular, dentre outras, algumas fundações de amparo e de apoio à pesquisa, a exemplo da FAPESP, FAPERJ e FAPESQ/PB, também se envolveram com a divulgação científica dos resultados de projetos por elas financiados, dando mais visibilidade a esse tipo de produção, quase sempre inacessível ao público leigo.
De forma geral, o jornalismo científico pode ser visto como uma forma de levar ao conhecimento da sociedade os resultados das pesquisas, como também envolvê-la com a necessidade de sua participação mais efetiva na formulação de políticas públicas governamentais.
Neste contexto, jornalistas, cientistas e os veículos de comunicação cumprem um papel relevante: o de construir junto à opinião pública uma relação de confiança e respeito no tocante ao seu direito de ser informada sobre o destino dos recursos públicos investidos em C&T, e seus desdobramentos relativos ao desenvolvimento da sociedade, em seus aspectos políticos e econômicos.