Dois balões meteorológicos que serão lançados neste sábado (25) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) vão coletar dados de pressão, temperatura, umidade, direção e velocidade dos ventos na Amazônia.
O lançamento acontece em Tomé-Açú (PA), a 113 quilômetros de Belém. A trajetória dos objetos vai abranger centenas de quilômetros no Norte da Amazônia, chegando até o Estado do Amazonas.
Os dados coletados serão comparados posteriormente com os do modelo de previsão do tempo CATT-BRAMS, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC), do Inpe.
Os lançamentos destes balões fazem parte da campanha científica do Projeto Chuva, que teve início no começo do mês em Belém (PA), com o objetivo de compreender com maior detalhamento a estrutura das linhas de instabilidades, típicas na região.
A campanha, coordenada pelo CPTEC/Inpe e com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), conta com grande quantidade de equipamentos instalados em instituições integrantes do projeto em Belém e regiões próximas, como o Inmet, Universidade Federal do Pará, SIPAM, o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) e a Secretaria do Meio Ambiente do Pará.
O experimento com os balões está sendo organizado pela professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Júlia Cohen, coordenadora local da campanha, e pelo professor David Fitzjarrald, da Universidade de Nova York.
Ambos são especialistas em convecção e pretendem entender os mecanismos que mantêm a atividade convectiva das linhas de instabilidades.
Satélite
Os balões têm autonomia de 48 horas de voo, aproximadamente, medem 90 centímetros de diâmetro, 3,2 metros de altura e carregam uma sonda de 400 gramas.
Uma vez lançado, serão conduzidos pelos ventos. O deslocamento vertical será controlado remotamente via satélite, mas o voo ficará em torno de 1000 metros de altitude, que corresponde ao topo da camada limite da atmosfera.
As medidas nesta região atmosférica são de interesse à pesquisa devido à forte interação com a superfície (troca de energia), influenciando a formação e o desenvolvimento das linhas de instabilidade.
Esta é a segunda campanha científica do Projeto Chuva de um total de seis previstas até o final de 2014. O objetivo é compreender os diferentes sistemas convectivos que atuam no país.
Previsões
O pesquisador Luiz Augusto Machado, do CPTEC/Inpe, coordenador principal do Chuva, afirma que os processos físicos associados às nuvens de tempestade, que evoluem em escala de alguns quilômetros, ainda não são totalmente conhecidos.
"Os modelos numéricos de previsão de tempo e clima descrevem com pouca precisão estes processos", destaca.
Com o aumento da resolução espacial dos atuais modelos, devido ao maior poder computacional do novo supercomputador do Inpe (batizado de Tupã), os processos que envolvem as partículas de chuva e gelo nas nuvens terão que ser descritos com maior detalhamento.
Além da coordenação geral do projeto, o CPTEC/Inpe está à frente também de duas áreas de abrangência da pesquisa, que conta ainda com a liderança de pesquisadores da USP e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/ DCTA). A Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Ministério da Ciência e Tecnologia também apóiam o Projeto Chuva.
Fonte: Critica
Autor: Inpe