Notícia

Jornal do Comércio (RS)

Bactérias extraem cobre de placas de circuito impresso

Publicado em 13 novembro 2013

Pesquisa da bióloga Luciana Harue Yamane abre a possibilidade para a extração de metais das placas de circuito impresso por meio de um processo biohidrometalúrgico, ou seja, que utiliza bactérias durante uma das etapas. Além de ter rendido um pedido de patente relacionado à adaptação da bactéria A. ferrooxidans- LR (responsável por extrair o cobre dessas placas), a tese de doutorado realizada na Escola Politécnica (Poli) da USP recebeu menção honrosa no Prêmio Dow-USP de Sustentabilidade 2012, além de ter sido indicada ao Prêmio Capes de Teses 2012.

A pesquisa é proposto um método diferente para a extração de metais, utilizando processos físicos, químicos e biológicos. A bióloga trabalhou com 50 quilos de placas de circuito impresso obtidas em equipamentos obsoletos disponibilizados pela Escola Politécnica. Num primeiro momento, as placas foram homogeneizadas e reduzidas de tamanho com o uso de um moinho de martelos que triturou o material “até deixá-lo com cerca de 2 milímetros de tamanho.

No próximo passo, o material foi colocado em uma esteira. Um separador magnético separou ferro e níquel, restando apenas o material não magnético (onde o cobre e os metais preciosos ficaram concentrados). Luciana explica que a extração do ouro e da prata pode ser feita por um processo chamado cianetação. Entretanto, não pode haver cobre na mistura, pois, se houver, em vez de atacar o ouro, o cianeto ataca o cobre da mistura. Foi aí que a bióloga decidiu utilizar uma via alternativa: a biolixiviação, que é o uso de bactérias para extrair o cobre.

“Essas bactérias costumam ser usadas para extração de cobre de minérios refratários, ou seja, com baixa concentração”, explica. Os resultados mostraram que a bactéria A. ferrooxidans-LR, após o processo de adaptação, foi capaz de solubilizar os metais, em especial o cobre, que foi 98% lixiviado, por meio de um processo “ecofriendly” deixando assim o ouro mais concentrado para a etapa de cianetação. A tese de doutorado Recuperação de metais de placas de circuito impresso de computadores obsoletos através de processo biohidrometalúrgico foi defendida em abril de 2012 sob a orientação do professor Jorge Alberto Soares Tenório, da Poli. A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). (Agência USP)