A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo Fapesp estuda 25 projetos com o objetivo de aumentar o plantio de cana-de-açúcar e a eficiência da produção de etanol no país. Com isso, será possível elevar em até 50% a produção de álcool por hectare de cana plantada, que hoje é de 7 mil litros. A coordenadora do Programa de Pesquisa em Bio-energia Bioen da Fapesp, Gláucia Souza, explica que a cana foi sendo modificada ao longo do tempo para aumentar a produção de açúcar voltada à alimentação. Agora, os cientistas estão fazendo o caminho inverso, modificando a planta geneticamente para produzir mais etanol de uma maneira economicamente viável.
No Brasil já temos um programa de produção de etanol muito bem-sucedido há muitos anos, e mais recentemente começamos a pensar em usar a parede celular da planta para a produção de etanol, não só do caldo da cana, que já é rico em sacarose, mas também do bagaço e da palha, que são deixados no campo quando a cana é colhida , diz a professora.
Ainda não há uma previsão de quando os resultados dessas pesquisas vão começar a ter efeito, mas a coordenadora adianta que cada novo cultivar da cana tem levado entre dez a 12 anos para ser lançado. Como tudo isso demora muito tempo, temos que prever qual a cana que vai ser necessária daqui a dez anos , diz.
Mesmo assim, ela aposta que, com a eficiência na produção do etanol, o produto poderá se tornar mais barato, lembrando que atualmente 70% dos custos de produção do etanol estão na agricultura.
A coordenadora do Bioen prevê que o Brasil ganhará ainda mais prestigio no cenário internacional se conseguir promover a expansão da cana e das tecnologias de produção de etanol de maneira sustentável. O Brasil já é um exemplo de liderança nessa área, os países têm ficado maravilhados com o modelo brasileiro da cana-de-açúcar , diz.