Pesquisadores do Brasil criaram uma metodologia inovadora que promete transformar a seleção de milho geneticamente modificado para resistência à seca. A nova técnica, anunciada pela Embrapa nesta segunda-feira (6), utiliza drones equipados com câmeras RGB para capturar imagens detalhadas dos experimentos em campo. Essas imagens são posteriormente convertidas em índices que avaliam a saúde das plantas, oferecendo uma maneira mais eficiente e econômica de conduzir os estudos.
O avanço é fruto de uma parceria entre o Centro de Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), uma colaboração entre a Embrapa e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com o apoio da FAPESP. Os resultados do estudo, que já mostram grande potencial, foram publicados na revista The Plant Phenome Journal.
Metodologia inovadora para testes em campo
Durante a seca de 2023, os pesquisadores realizaram experimentos em Campinas (SP) com 21 variedades de milho. Dentre essas, 18 variedades eram geneticamente modificadas para resistência à seca, enquanto as outras três eram variedades convencionais, utilizadas como controle para comparação. As plantas foram submetidas a diferentes níveis de irrigação para simular condições variadas de escassez hídrica.
Os drones, equipados com câmeras RGB e multiespectrais, realizaram capturas semanais das imagens no campo experimental. A análise dos dados demonstrou que as câmeras RGB, por serem mais acessíveis financeiramente, apresentaram resultados confiáveis, ampliando as possibilidades de aplicação da tecnologia.
Redução de custos e aumento da eficiência
A principal vantagem dessa tecnologia é a redução de custos operacionais, o que torna possível realizar estudos em áreas menores, uma característica essencial para projetos com orçamentos limitados. Além disso, a metodologia permite o monitoramento contínuo do ciclo de crescimento das plantas, utilizando os dados coletados para o desenvolvimento de modelos preditivos. Esses modelos simulam o desempenho das variedades de milho em diferentes condições climáticas, o que é crucial diante do aumento da frequência de secas ocasionado pelas mudanças climáticas.
Com a crescente urgência de desenvolver cultivares mais resilientes, a nova abordagem representa um passo significativo para superar os desafios da agricultura moderna. Métodos tradicionais de seleção de plantas são caros e demorados, dificultando o avanço rápido de pesquisas nesse campo. Esta metodologia posiciona o Brasil na vanguarda das soluções tecnológicas para a agricultura em um cenário de mudanças climáticas.
O estudo, intitulado Temporal field phenomics of transgenic maize events subjected to drought stress: cross-validation scenarios and machine learning models, pode ser acessado através deste link: The Plant Phenome Journal. https://acsess.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ppj2.70015