Após 20 mortes confirmadas no estado devido à epidemia de dengue no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite declarou emergência de saúde pública no Rio Grande do Sul, que entra em vigor a partir de hoje com a publicação do decreto nº 57.498 no Diário Oficial do Estado . A medida foi decidida nesta terça-feira, 12, e tem como objetivo prevenir, controlar e prestar assistência à saúde diante do risco epidemiológico à população pela doença, atualmente presente em 94% dos municípios gaúchos.
Com a declaração do estado de emergência, o Governo do estado pretende destinar recursos para o combate à dengue de forma mais rápida – sem os trâmites burocráticos de uma licitação, por exemplo. O decreto permite um processo ágil e rápido na compra de insumos (como medicamentos e vacinas), fortalecendo o combate à dengue. Também facilita ao Governo federal a destinação de recursos específicos ao Estado para ações de combate à doença.
Dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde indicam que o Rio Grande do Sul registrou – desde 1º de janeiro – 27.752 casos prováveis de dengue. Além das 20 mortes confirmadas pela secretaria, há sete em investigação. O coeficiente de incidência de doença no estado são 255 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.
A medida se soma a uma série de ações do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde (SES), nos últimos dias. Na segunda-feira, dia 11, foi lançada uma plataforma de gestão de casos clínicos, que permite identificar o estado de saúde e o tratamento de cada paciente com base nas características, sinais e sintomas apresentados. Também foi assinada nota técnica conjunta com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) que autoriza os profissionais de enfermagem a solicitar exames, principalmente hemograma, em casos suspeitos. A ferramenta pode ser acessada on-line
São considerados casos suspeitos de dengue aqueles de pacientes com relato de febre (geralmente entre dois e sete dias de duração) ou sensação de febre, e duas ou mais das seguintes manifestações: náusea, vômito, erupção cutânea, mialgia, artralgia, cefaleia , dor nas costas -orbital, petéquias, teste de alça positivo e leucopenia. Qualquer criança com quadro febril agudo, geralmente com duração entre dois e sete dias, e sem foco aparente de infecção, também pode ser considerada caso suspeito.
A SES reforça a importância de procurar atendimento médico nos Serviços de saúde aos primeiros sintomas. Dessa forma, evita-se o agravamento da doença e a possível evolução para o óbito.
Detalhe dos sintomas da dengue:
febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias;
dor retro-orbital (atrás dos olhos);
dor de cabeça;
dor corporal;
dor nas articulações;
mal-estar geral;
náusea;
vômito;
diarréia;
manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira.
Medidas para prevenir a proliferação e circulação de Aedes aegypti – como limpeza e revisão de áreas internas e externas de casas e apartamentos, além de eliminar objetos com água parada – são ações que evitam o nascimento de mosquitos, cortando o ciclo de vida na fase aquática. O uso de repelente também é recomendado para maior proteção individual contra insetos. Aedes
Além do Rio Grande do Sul, oito unidades da federação já declararam emergência de saúde pública devido à explosão de casos de dengue: Acre, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais . Segundo levantamento do Ministério da Saúde, ainda existem 288 decretos municipais – a maioria em Minas Gerais.
Vacinas, segurança e supostos efeitos colaterais da dengue
Na última sexta-feira, dia 8, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, atualizou o cenário epidemiológico da dengue no Brasil e reforçou a segurança e a eficácia das vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), como a vacina contra a dengue. Em reunião com a Câmara Técnica Assessora de Imunização (CTAI) e o Comitê Interinstitucional de Farmacovigilância de Vacinas e Outros Imunobiológicos (CIFAVI), no dia 7 de março, a secretaria avaliou casos de Eventos Supostamente Atribuídos à Vacinação ou Imunização (ESAVI), que são ocorrências clínicas notificadas após o ato da vacinação, ou seja, não necessariamente relacionadas à aplicação da vacina.
No universo de 365 mil doses aplicadas no país desde 2023, foram identificados 16 casos de reações alérgicas graves. “Todas as pessoas recuperaram e estão bem”, explicou a ministra Nísia, reforçando que os benefícios da proteção representam muito mais do que quaisquer riscos.
Após notificação, a área técnica responsável do Ministério da Saúde tomou as seguintes ações:
Estabelecimento de fluxo laboratorial para posterior investigação dos casos iniciais, visando identificar o agente desencadeante e mecanismo envolvido nas reações;
Produção de Nota Técnica contendo orientações e recomendações de prevenção e/ou cuidados para anafilaxia durante a vacinação que será publicada no site do Ministério.
A rotina de farmacovigilância existe desde a década de 90 e é utilizada em todo uso de medicamentos ou administração de vacinas, explicou o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti. “É normal a sensibilização na nossa vigilância e também é comum que o próprio programa de vigilância procure possíveis casos de reações adversas. Nem todos os casos estão relacionados com a estratégia de vacinação”, detalhou. “É um número pequeno comparado ao número de doses aplicadas. Mas o Ministério da Saúde, prezando pela transparência e segurança, fez uma nota técnica de acompanhamento após discussão com especialistas”, acrescentou Eder.
O diretor do PNI afirmou ainda que há uma demanda social pela vacina, que conta com o aval de diversos órgãos brasileiros respeitados internacionalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Nacional de Saúde. Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). “O Ministério da Saúde reafirma a segurança das vacinas e o compromisso com a ampliação da vacinação, garantindo a segurança da população e a transparência”, disse o médico infectologista Julio Croda, representante do CTAI.
Distribuição de vacinas e público-alvo
Foram distribuídas mais de 1,2 milhão de doses da vacina. Cerca de 250 mil doses foram aplicadas na rede pública de saúde. A princípio, são destinados às regiões de saúde com municípios de grande porte, com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou superior a 100 mil habitantes, levando em consideração também as altas taxas dos últimos meses. A faixa etária de 10 a 14 anos, público-alvo da vacinação contra a dengue, é a que apresenta maior proporção de internações pela doença.
O Brasil também se prepara e contribui com pesquisas importantes para acompanhar o andamento da vacinação e desenvolver novas vacinas por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan. “Já estamos trabalhando em parcerias de desenvolvimento produtivo. Há uma agenda de desenvolvimento tecnológico, mas teremos uma base produtiva no próximo ano”, destaca Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
O Ministério da Saúde reforça que, embora o país tenha as primeiras doses da vacina, esta ainda não é a principal estratégia para reduzir casos e mortes pela doença. A melhor forma de se proteger contra a dengue é eliminar as fontes de transmissão combatendo os criadouros.
PARTICULAR – Também é possível encontrar na rede privada de clínicas e farmácias a vacina contra dengue para faixas etárias fora da cobertura do SUS, com Preços entre 350 e 700 reais (uma ou duas doses).
Originalmente publicado em Governo -decretar-estado-de-emergencia-no-rs/”>https://www.extraclasse.org.br/saude/2024/03/avanco-da-dengue-leva- Governo -decretar-estado-de-emergencia-no-rs/