SÃO PAULO
A BrasilOzônio - empresa graduada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), em São Paulo - desenvolveu uma autoclave para esterilização de materiais de uso médico-hospitalar à base de ozônio, considerado o mais potente germicida e o segundo maior oxidante existente na Terra, informa reportagem de Elton Alisson, no site da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Resultado de um projeto realizado pela empresa com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), da Fapesp, o equipamento promete ser mais seguro, eficiente e econômico que os sistemas atuais.
"O ozônio inativa e elimina qualquer tipo de vírus, bactéria, protozoário e fungo. Ao ser introduzido adequadamente em uma autoclave como a que desenvolvemos, esteriliza qualquer tipo de material médico-hospitalar colocado no equipamento", diz Frederico de Almeida Lage Filho, ex-professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Politécnica da USP e um dos coordenadores do projeto. De acordo com Lage, o processo de esterilização automatizado desenvolvido é iniciado com a captura de ar ambiente que, em seguida, é processado e encaminhado sob condições controladas para um gerador de ozônio que integra a autoclave.
As impurezas e a umidade do ar são removidas e, a seguir, separa-se o oxigênio para a geração de ozônio molecular (O3, formado por três átomos de oxigênio) que, ao reagir e se autodecompor dá origem a radicais livres extremamente reativos, com vida útil de centésimos de segundos.
O ozônio gerado passa então por reatores de transferência, em direção à câmara de esterilização da autoclave, onde, após ciclos de operação, que levam frações de hora, os materiais médico-hospitalares são esterilizados. Durante o processo oxidativo, o ozônio se autodecompõe em oxigênio.
"O equipamento permite esterilizar rapidamente e com segurança todos os tipos de materiais médico-hospitalares e eliminar os micróbios mais resistentes possíveis", disse Lage. "Além disso, também possibilita realizar a esterilização no próprio hospital, porque é seguro, não gera compostos tóxicos e não necessita de mão de obra especializada para operá-lo, como os atuais", diz.
Alternativa ao vapor dágua
Segundo Lage, um dos equipamentos mais utilizados atualmente para esterilização de materiais médico-hospitalares é a autoclave à base de vapor dágua. O equipamento utiliza temperaturas variando entre 100 e 400 graus Celsius e alta pressão para eliminar todos os tipos de microrganismos contaminantes. Além de consumir muita energia, diz o pesquisador, o equipamento também apresenta riscos de operação por causa da alta temperatura e da pressão interna.
Outro problema desse método de esterilização, de acordo com Lage, é que há microrganismos - os extremofílicos - capazes de resistir a condições extremas de temperatura e pressão. Também há materiais médico-hospitalares feitos de silicone ou polipropileno - como mangueiras, respiradores e cateteres, por exemplo, chamados de termossensíveis -, suscetíveis a altas temperaturas e pressão. Que não podem ser esterilizados por esse tipo de equipamento. "O uso de altas temperatura e pressão para esterilizar materiais de uso médico-hospitalar nunca foi o método mais indicado para essa finalidade. Além disso, o material a ser esterilizado deve ficar por um bom tempo no interior da autoclave a vapor e, quando o processo é finalizado, é necessário esperar que o material esfrie para ser utilizado", disse.
O equipamento está em fase de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e um protótipo foi apresentado em uma feira de equipamentos médico-hospitalares em São Paulo.