Notícia

UFRGS

Aumento do risco de incêndios em áreas naturais exige estratégias de prevenção com embasamento científico (35 notícias)

Publicado em 22 de julho de 2021

Recentes incêndios de grandes proporções na Amazônia e no Pantanal, aliados ao aumento no risco de novos eventos desse tipo causados pelas mudanças climáticas, pelas mudanças no uso da terra e pela falta de um manejo adequado deste problema, compõem um panorama complexo que mobiliza pesquisadores da Ecologia e de áreas correlatas. A importância do tema e a necessidade de que o assunto seja debatido com bases científicas uniram 11 pesquisadores de diferentes instituições na autoria do artigo Understanding Brazil’s catastrophic fires: causes, consequences and policy needed to prevent future tragedies, publicado em 21 de julho no periódico Perspectives in Ecology and Conservation. Com base no entendimento das causas e dos efeitos do fogo no conjunto dos ecossistemas e biomas brasileiros, o estudo propõe abordagens eficazes de prevenção de incêndios e de manejo do fogo.

O professor do Departamento de Botânica da UFRGS Gerhard Overbeck, um dos autores do texto, explica que esse tema é complexo e que, muitas vezes, o debate em torno do assunto se baseia em preconceitos. Ele alerta que o risco de eventos graves de incêndios poderá aumentar, por isso o País precisa estar preparado. Segundo o pesquisador, é necessário definir políticas e estratégias de manejo que levem em conta os processos naturais e socioculturais envolvidos – como as mudanças climáticas, ciclos de seca, tipo de vegetação, desmatamento para o avanço da fronteira agrícola, usos tradicionais na pecuária ou para extrativismo, por exemplo – e que tenham uma base científica sólida.

Overbeck relata que o estudo foi conduzido no âmbito do Grupo de Trabalho de Políticas Públicas da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação (Abaeco). Diante da importância de enfrentamento urgente do problema, o grupo de pesquisadores, assessorados por gestores públicos e políticos, reuniu-se em um workshop online em outubro de 2020, a fim de analisar as questões que envolvem os incêndios em áreas naturais e elaborar o estudo, buscando oferecer uma revisão atualizada sobre o tema não só para o público acadêmico, mas também para gestores e formuladores de políticas ambientais. O apoio financeiro foi do Programa Biota/Fapesp e do CNPq por meio do Centro de Síntese em Biodiversidade (SinBiose) e do Edital PrevFogo/Ibama.

Na publicação, os pesquisadores mostram que o Brasil possui biomas e ecossistemas com diferentes respostas ao fogo. Enquanto as florestas tropicais (como a Amazônia e a Mata Atlântica) são extremamente vulneráveis às queimadas, os campos naturais e savanas (como os Campos Sulinos e o Cerrado) apresentam adaptações ao fogo e têm muitos de seus processos ecológicos dependentes dele. No entanto, mesmo os ecossistemas adaptados respondem de forma diferente, dependendo do tipo, da frequência, da sazonalidade, da intensidade e da extensão do fogo.

Confira a matéria completa no UFRGS Ciência.