Ah, como é bom ter uma USP por perto, e um departamento de Oceanografia com navios de pesquisa. E a USP tem navios desde 1967. Se conseguimos um espaço na Antártica, isso se deve, em parte, à USP com seus pesquisadores, e o poder da Universidade de ter navios de pesquisa. Se as viagens de ‘antão’ aconteciam no icônico navio Prof. W. Besnard, agora as expedições ficam a cargo do Alpha Crucis. Atlântico Sul, USP vai estudar impactos do clima e poluição.
Expedição ao Atlântico Sul
Ao todo serão 19 cientistas a bordo, entre brasileiros do IO- USP (Instituto Oceanográfico, da Universidade de São Paulo), e estrangeiros convidados. A viagem começa esta semana, dia 14. Objetivo, estudar os impactos da poluição global e das mudanças climáticas no Oceano Atlântico Sul. Esta será a segunda vagem do Projeto Samoc (South Atlantic Meridional Overturning Circulation). De acordo com o site do IO- USP, “o SAMOC é uma iniciativa internacional cujo objetivo é entender e observar trocas inter-oceânicas e /o transporte meridional de massa e calor através de uma seção transversal ao longo da latitude 34.5S, no Atlântico Sul. O programa geral do SAMOC requer a observação das Correntes de Contorno, próximas ao talude continental da América do Sul e da África”.
Analisar a circulação profunda
Segundo Elisabete de Santis Braga da Graça Saraiva, atual diretora do IO- USP, a equipe “vai para alto-mar (num trecho do oceano entre Brasil, Argentina e Uruguai) para medir correntes marítimas e temperaturas. Usamos telemetria e imagens de satélite. Equipamentos de fundeio são lançados no mar e recuperados no ano seguinte. Analisamos dados a mais de 4 mil metros de profundidade para avaliar a circulação profunda”. Para ela, “entender os danos do efeito estufa no mar ajuda a antecipar soluções a essa questão. As análises também servem para compreender as mudanças climáticas que atingem, principalmente, as populações que vivem em áreas costeiras, onde está grande parte do território da Baixada Santista.”
Atlântico Sul sobrecarregado
Elisabete: “A queima indiscriminada de combustíveis gera o gás carbônico e o efeito estufa retém o calor do sol. Esses gases envelopam a Terra e fazem troca com a água. O mar absorve o CO2 tentando aliviar a atmosfera. Mas as águas superficiais se aquecem e as correntes mudam seu percurso. isso provoca reflexos como aumento de ressacas, erosão, aumento do nível do mar”.
Conheça o Alpha Crucis
O nome homenageia a estrela mais brilhante do Cruzeiro do Sul. A mesma estrela ainda representa o estado de São Paulo na bandeira do Brasil. “Com autonomia para viagens transoceânicas de até 70 dias. De concepção moderna e equipamentos de última geração, o navio é dotado de dois motores. E tem um sistema de estabilização, que permite mantê-lo parado em alto-mar, propiciando estudos mais acurados sobre o ambiente marinho.”
Comprimento: 64 metros.
Boca (largura máxima): 11metros.
Deslocamento: 972 toneladas.
Tripulação fixa: 19 pessoas.
Pesquisadores: 21 pesquisadores.
O Alpha Crucis foi adquirido através do Programa de Equipamentos Multiusuários (EMU), uma das modalidades do Programa de Apoio à Infraestrutura de Pesquisa no Estado de São Paulo, mantido pela FAPESP desde 1995, ao custo de US$ 11 milhões. O Alpha Crucis já soma 39 anos em operação. Antes de chegar ao Brasil, ele pertenceu à Noaa (agência nacional de oceanos dos EUA) e à Universidade do Havaí.