Não há como negar os benefícios da atividade física para a saúde de pessoas de todas as idades. Eles são amplamente reconhecidos e divulgados, mesmo assim muita gente ainda não os inclui em suas rotinas diárias.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a atividade física reduz o risco de morte prematura por doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2 e câncer do cólon, reduz ainda a depressão e a ansiedade, ajuda a controlar o peso corporal, a reduzir a hipertensão arterial, a manter a saúde e o bom funcionamento do sistema músculo -esquelético, a melhorar a mobilidade e a promover o bem-estar psicológico.
Uma lista e tanto de benefícios. Se não bastasse tudo isso, um novo estudo desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP) e na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, aponta que atividades físicas, sociais e de lazer praticadas por idosos e pacientes com doença de Alzheimer podem ajudar a preservar funções cognitivas e a retardar a perda da memória. Os estímulos promovem mudanças morfológicas e funcionais no cérebro, que protegem o órgão de lesões que causam as perdas cognitivas. A descoberta foi feita por meio de um experimento com camudongos transgênicos, alterados geneticamente para ter uma superexpressão das placas senis no cérebro.
Essas placas são uma das características da doença de Alzheimer. Durante os quatro meses do experimento, eles foram submetidos à avaliação de atividade motora, por meio de sensores, e de memória espacial, com um teste chamado labirinto de Barnes. Os resultados mostram que os camundongos transgênicos que foram estimulados com os brinquedos tiveram uma redução de 24,5% no tempo para cumprir o teste do labirinto, na comparação com os animais que não estiveram no ambiente enriquecido. Também foram analisados os cérebros dos camundongos.
Ao verificar as amostras do tecido cerebral, os pesquisadores constataram que os animais transgênicos que passaram pelos estímulos apresentaram uma redução de 69,2% na densidade total de placas senis, em comparação com os que não foram estimulados. Além da diminuição das placas senis, eles tiveram aumento de uma proteína que ajuda a limpar essa placa. Trata-se do receptor SR-B1, que se expressa na célula micróglia. O receptor faz com que essa célula se ligue às placas e ajude a removêlas. Os animais com Alzheimer tiveram uma redução bem grande dessa proteína e os animais do ambiente enriquecido (que tiveram estímulos) estavam parecidos com os animaiscontrole.
O trabalho, publicado na revista Frontiers in Aging Neuroscience, comprova hipóteses anteriores e que agora vão ser verificadas em cães e seres humanos. Os cientistas afirmam que, como não se sabe qual ser humano desenvolverá a doença, quanto mais aumentar a estimulação na vida dele, melhor vai ser para a proteção do cérebro. Na verdade, esse estímulo não exige que a pessoa se torne um atleta, basta mudar a rotina e incluir nela um simples passeio pelo quarteirão, uma atividade lúdica, como um jogo, passear com cachorro, com filho ou neto, fazer um curso de idiomas, dançar. Tudo isso ajuda a preservar o cérebro, sem falar que traz para a pessoa uma melhor qualidade de vida, sem sombra de dúvida. O estudo recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, uma prova da importância em se investir no segmento de pesquisa. Os resultados são bons para a sociedade em geral.