Agência FAPESP* – O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano e tem diversas funções biológicas, participando de processos bioquímicos importantes. Ele é um regulador-chave em várias vias de sinalização intracelular e tem sido implicado no controle metabólico e na função mitocondrial. Sob a forma de íons de cálcio (Ca2+), ele ativa a respiração mitocondrial ao induzir a atividade de enzimas associadas ao metabolismo oxidativo, regulando assim a geração de adenosina trifosfato (ATP). O ATP é a principal fonte de energia de nossas células. A questão é que, embora conhecida, essa atividade do cálcio na respiração celular não havia sido determinada quantitativamente, ou seja, ninguém ainda havia medido.
Esse foi o desafio da pesquisadora Eloisa Aparecida Vilas Boas em seu projeto de pós-doutorado desenvolvido com bolsa da FAPESP e supervisão da professora Alicia Kowaltowski, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). A investigação foi conduzida no âmbito do Centro de Pesquisa em Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP.
“Fala-se muito que o cálcio ativa algumas enzimas mitocondriais do ciclo de Krebs [uma etapa da respiração celular que ocorre na mitocôndria], com impacto na produção de ATP. Mas será mesmo? Ninguém mediu. Então o que fizemos foi estudar a respiração em mitocôndrias isoladas do fígado de camundongos e em hepatócitos em cultura, modulando diferentes níveis de cálcio. E mostramos que existe uma faixa ideal de concentração de cálcio em que a respiração mitocondrial é ativada”, afirma Vilas Boas. Os resultados foram publicados no Journal of Biological Chemistry (JBC).
Kowaltowski destaca que o trabalho inovou ao investigar como determinadas concentrações de cálcio alteram o fluxo metabólico. “Se você olha para a quantidade de uma coisa, tem uma fotografia do momento, não sabe quanto está sendo consumido e quanto está sendo produzido. Neste trabalho, a Eloisa está olhando para o fluxo, quanto está sendo transformado dessas moléculas. Isso realmente mostra como está a atividade metabólica.”
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