Uma equipe de quatro astrofísicos do Grupo de Buracos Negros da Universidade de São Paulo (USP) construiu um mapa do céu em raios gama. Eles afirmam ser o mais nítido que já foi produzido.
Radiação gama ou raio gama é um tipo de radiação eletromagnética de alta frequência produzida geralmente por elementos radioativos, processos subatômicos como a aniquilação de um par de pósitron e elétron. Esse tipo de radiação muito energética também é produzido em fenômenos astrofísicos de grande importância.
“Os raios gama são o tipo de luz com as maiores energias que podemos encontrar no Universo”, explica Raniere Menezes, um dos cientistas envolvidos na construção dessa imagem, em entrevista para a Assessoria de Imprensa do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.
O trabalho é liderado pelo professor Rodrigo Nemmen, do IAG-USP, e teve financiamento da FAPESP, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e uma bolsa de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para a construção do mapa, outro cientista do grupo, Lucas Siconato, disse para a Assessoria de Imprensa do IAG-USP que “o grupo atribuiu a cor vermelha à radiação gama de energia alta, cor verde para a luz gama de energia bastante alta e azul para a luz gama de energia altíssima. Para efeito de comparação, a radiação que aparece nessa imagem possui energia entre cem milhões e um trilhão de vezes aquela da luz visível, e é invisível aos olhos humanos”.
“Isso permite que a imagem realmente funcione como um mapa das fontes mais energéticas do céu e nos dê informações sobre que tipo de emissões temos em cada uma delas usando cores que nossos olhos podem distinguir”, disse Douglas Carlos, membro da equipe e bolsista da FAPESP Há duas estruturas importantes no mapa: a primeira delas é o plano da nossa própria Galáxia, que aparece na região central da imagem como uma faixa horizontal e bastante brilhante. A segunda são as bolhas de Fermi, que são vistas também na região central da imagem se projetando acima e abaixo do plano da Via Láctea. Elas são caracterizadas visualmente por uma cor azulada e estão associadas a alguma atividade recente de Sagitário A*, o buraco negro supermassivo localizado no centro da nossa Galáxia.
Para a construção desse mapa, os astrofísicos usaram as observações do Telescópio Espacial Fermi, da Nasa. O telescópio iniciou suas operações em 11 de junho de 2008 e continua funcionando, monitorando o céu em altas energias.
*Com informações da Assessoria de Imprensa do IAG-USP .
Fonte: Agência FAPESP *