Estudo revela que peptídeo derivado do veneno do peixe niquim pode oferecer tratamento promissor para a asma, sem efeitos adversos significativos
Uma pesquisa conduzida pelo renomado Instituto Butantan traz à luz uma descoberta inovadora no campo da saúde respiratória. O estudo, divulgado recentemente, revelou que um peptídeo derivado do veneno do peixe niquim (Thalassophryne nattereri) pode apresentar um papel crucial no tratamento da asma. Denominado TnP, esse peptídeo demonstrou resultados promissores em testes com modelos animais, conforme detalhado em um artigo publicado na revista científica Cells.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a asma é uma das doenças respiratórias crônicas mais prevalentes em todo o mundo, afetando milhões de pessoas e resultando em um alto número de mortes anualmente. Com o objetivo de abordar esse cenário desafiador, pesquisadores do Laboratório de Toxinologia Aplicada do Instituto Butantan estudam o veneno do peixe niquim desde 1996. A recente pesquisa descreve o TnP, um peptídeo com propriedades anti-inflamatórias, como uma potencial ferramenta terapêutica para a asma, reduzindo significativamente a inflamação e danos nos pulmões, sem os efeitos colaterais muitas vezes associados às terapias convencionais.
A cientista responsável pelo estudo, Mônica Lopes-Ferreira, explicou que, ao longo do tempo, a pesquisa evoluiu da identificação das moléculas de veneno para a criação de peptídeos sintéticos em laboratório. Isso possibilita que os pesquisadores conduzam estudos mais aprofundados em diferentes modelos de doenças, sem depender da extração direta do veneno do peixe. Além disso, testes realizados em um modelo animal semelhante ao humano, o zebrafish, indicaram a ausência de efeitos adversos graves, fortalecendo o potencial terapêutico seguro do peptídeo TnP no tratamento da asma.