Notícia

Jornal Cidadã

Asma já matou mais de 12 mil brasileiros nos últimos 5 anos (114 notícias)

Publicado em 27 de junho de 2024

Com base nos dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, a soma de mortes por asma no Brasil entre 2019 e 2023 é de 12.195 casos. Em 2024 foram notificados 883 óbitos entre janeiro e junho.

Embora tenha crescido em 2022, o número de mortes em 2023 e nos primeiros meses de 2024 indica uma possível tendência de queda em relação aos anos anteriores. Confira as informações no comparativo abaixo.

Ano e número de óbitos

2019 | 2.270

2020 | 2.552

2021 | 2.338

2022 | 2.614

2023 | 2.421

Doença é a terceira mais atendida pelo SUS

Há cerca de 20 milhões de brasileiros asmáticos, entre crianças e adultos, segundo dados do Ministério da Saúde. A doença crônica é a terceira mais atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2023 foram 42,4 milhões de procedimentos em decorrência da doença. No mesmo período, a saúde pública comportou 83,2 mil internações por agravamento da asma. Esse atendimento custou aos cofres do estado cerca de R$ 265 milhões.

Em 2024, entre janeiro e abril, o SUS atendeu 18,2 mil internações, enquanto 14,4 milhões de procedimentos foram realizados. Isso custou R$ 119,1 milhões no orçamento público destinado à Saúde.

Embora o número de internações tenha caído, quando se compara a média mensal de 2023 com 2024, o número de procedimentos e o custo do atendimento apresentaram alta nesse ano.

Em 2023, a média foi de 3,5 milhões de procedimentos realizados. Em 2024 essa média sobe para 3,6 milhões. O custo mensal médio em 2023 foi de R$ 22 milhões. Em 2024 o custo mensal para o sistema público de saúde saltou para R$ 29,7 milhões.

O Ministério da Saúde ressalta que os números relacionados às internações e procedimentos não são referentes ao número de pessoas atendidas, mas ao número de atendimentos realizados. Dessa forma, o mesmo indivíduo pode ter feito mais de um procedimento ou ter sido internado mais de uma vez.

Tratamento pelo SUS e os desafios

O financiamento dos medicamentos para o tratamento de asma na Atenção Primária à Saúde (APS), no âmbito do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF), é de responsabilidade tripartite (União, Estados e Municípios), cabendo aos Estados e Municípios a programação, aquisição, distribuição e dispensação, de forma que os recursos repassados devem ser utilizados para a aquisição dos medicamentos. As informações são do Ministério da Saúde.

À CNN, Ricardo Figueiredo, membro da Comissão Científica de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, comentou sobre as dificuldades na difusão do tratamento e informações sobre a doença.

“No Brasil, o tratamento da asma enfrenta diversos desafios. Muito se avançou na última década com a disponibilização de corticosteroide inalatório e broncodilatadores na farmácia popular, resultando em redução contundente das hospitalizações e mortes por asma. Porém, essas medicações não contemplam totalmente as necessidades de pacientes moderados e graves”, alerta Figueiredo.

Ele ressalta que a adesão ao tratamento é frequentemente comprometida por fatores socioeconômicos, falta de informação e dificuldades no acesso aos serviços de saúde. Outro fator importante é a educação continuada para especialistas e profissionais da atenção básica, o que faz melhorar o diagnóstico e o manejo da asma, especialmente nas formas graves da doença.

“Capacitar esses profissionais para identificar e tratar asma severa pode reduzir significativamente as hospitalizações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Ações voltadas para a conscientização e educação dos pacientes também são fundamentais para garantir que eles sigam corretamente os tratamentos prescritos, reduzindo assim as complicações e crises de asma”, completa Ricardo Figueiredo.

Fatores de risco

A asma possui componente hereditário (genético), que pode se manifestar ou não devido a influências do ambiente, como exposição a alérgenos, poluição, fumaça de cigarro, infecções (componente epigenético).

“Infecções viróticas de inverno são o mecanismo mais importante de piora dos sintomas da asma. A asma pode também ter um componente alérgico, sendo mais comum quando se inicia na infância, mas pode se desenvolver na idade adulta por mecanismos extrínsecos (não alérgicos). Logo, pode começar na infância e melhorar, com recidiva na idade adulta, ou pode se iniciar em qualquer idade”, explica Figueiredo.

A doença pode impactar na qualidade de vida, com prejuízo às atividades diárias, faltas ao trabalho e faltas escolares. Além disso, pode levar a risco de crises graves, que necessitam de cuidados hospitalares, mesmo nos pacientes com crises infrequentes.

“Não podemos esquecer que morrem por dia no Brasil 5 a 7 pessoas com asma, o que poderia ser evitado por melhor controle da doença e informação adequada”, lembra Ricardo Figueiredo.

Pesquisa e Inovação

Os avanços recentes na pesquisa sobre a asma têm proporcionado novas esperanças para pacientes e profissionais de saúde. De acordo com o especialista da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a maior parte dos estudos estão focados em compreender melhor os mecanismos subjacentes à doença, o que pode levar ao desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e personalizados.

Recentemente, um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) indicou que caminhar pelo menos 7.500 passos diários pode contribuir para o controle da asma moderada ou severa em adultos.

No Brasil, um grupo de pesquisadores desenvolveu um pão funcional com potencial para prevenir a asma

O estudo foi financiado pela FAPESP, onde pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) incorporaram, pela primeira vez, a levedura S. cerevisiae UFMG A-905 à produção de um pão de fermentação natural.

Por 27 dias, camundongos com asma foram alimentados com os pães. Ao final do experimento, apresentaram menos inflamação das vias aéreas, com diminuição nos biomarcadores de asma. Tais resultados se assemelham a estudos anteriores, que confirmaram a ação da S. cerevisiae UFMG A-905 viva na prevenção da doença.

“A pesquisa contínua é vital para descobrir novas formas de transformar as vidas dos pacientes com asma e melhorar indicadores de saúde pública nesta população”, finaliza Figueiredo.