Neste artigo, vou voltar ao início deste ano, nomeadamente quanto à questão relacionada com a decisão do Governo do Estado de São Paulo ter diminuído, através de uma lei orçamentária, os repasses constitucionalmente assegurados à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e que gerou uma onda de protestos nas sociedades científica e acadêmica do Estado. Essa decisão também incrementou diversos artigos e comentários, inclusive aqui mesmo, no Portal São Carlos Agora, quer por parte dos articulistas que, com certa regularidade, exprimem livremente suas opiniões, quer também por parte dos leitores, que através de suas participações expressaram o que sentiam em relação a esse episódio: é claro que houve quem defendesse o papel e o trabalho que os pesquisadores desenvolvem em suas universidades e centros de pesquisa sediados no Estado, mas também houve quem criticasse, com alguma veemência, esse mesmo trabalho científico, alegando que poucos ou nenhuns resultados práticos vertem para a sociedade, principalmente para São Carlos, que, como sabemos, é um importante polo científico e tecnológico, sendo, por isso "desperdício de dinheiro público, de dinheiro dos contribuintes".
Para os mais céticos em relação ao tema deste artigo, contraponha-se, em abono da verdade, que é notório e público o empenho, trabalho e dedicação que os cientistas de São Carlos e região têm dado à sociedade como um todo - e particularmente à de São Carlos -, não só em termos dos estudos que continuamente se realizam nos mais variados campos e áreas do conhecimento, como, também, na área da aplicabilidade, ou seja, na apresentação de resultados práticos resultantes dos mesmos: além dos cientistas que desenvolvem seus trabalhos nos inúmeros centros de pesquisa sediados na cidade e região, a eles se adicionam aqueles que, com extrema competência, têm contribuído para o bem estar e saúde da população, através da UFSCar, EMBRAPA, UNESP, USP e UNICEP, entre outras instituições. Como mero exemplo, podemos citar aqui o desenvolvimento de novos fármacos e metodologias para combater os mais diversos tipos de doenças (dengue, doença de Chagas, leishmaniose, malária, febre amarela, zika, etc.), a descoberta de novos minerais que poderão promover novos materiais e, ainda, o desenvolvimento dos mais diversos equipamentos dedicados à saúde, em sua grande maioria disponibilizados para a sociedade: tratamento de paralisia facial e disfunção temporamandibular, tratamento da dor causada por osteoartrose, rastreamento de células cancerígenas no seu estágio inicial de metástases, o diagnóstico precoce de diabetes tipo-2, o monitoramento de leucemia, tratamento da micose das unhas, tratamento do câncer de colo de útero, novo método de cicatrização de feridas, etc.
A este rol adiciona-se agora um novo sistema laser para desenvolvimento terapêutico, um equipamento que foi desenvolvido pela USP de São Carlos e entregue no decurso deste mês de maio á Prefeitura de São Carlos, que poderá detectar vários tipos de câncer, além de ser usado na medicina vascular e na oftalmologia. Esse novo equipamento foi adquirido com recursos do município, por meio do Centro de Ciência, Inovação e Tecnologia em Saúde de São Carlos (CITESC), uma iniciativa desenvolvida por diferentes Instituições de Pesquisa, que promoverá a inovação desenvolvida pelos pesquisadores na área de saúde, canalizando as pesquisas aprimoradas para o setor produtivo. É uma plataforma multifuncional, onde poderão ser feitos testes utilizando laser, fluorescência ou LED, seja para tratar ou detectar doenças, como, por exemplo, vários tipos de câncer, além do câncer de pele, de colo de útero, de boca, de assoalho de boca, entre outros, servindo igualmente para tratar vasos, auxiliando os médicos vasculares, além de atuar na área oftalmológica. Se fosse importado, este equipamento custaria bem caro, mas como foi desenvolvido no nosso país, nomeadamente em São Carlos, o seu custo rondou cerca de R$200 mil. A atividade científica em São Carlos e região atingiu índices impressionantes. Há alguns anos atrás, cada descoberta ou pesquisa desenvolvida em São Carlos eram consideradas destaques, nomeadamente na mídia. Hoje, o resultado desse mesmo trabalho já faz parte do fait-divers de nossa cidade e, talvez por isso, a maior parte dos resultados desse trabalho passe despercebida ao cidadão comum, principalmente aos mais céticos, certamente por falta falta de informação.