Lidando com artes visuais praticamente o tempo todo e mesmo tentando manter uma certa isenção, não posso negar que um dos períodos de arte que mais me interessa é o da Art Deco, principalmente no que se refere à arquitetura.
Uma época fértil de produção mundial, que abrange as decais de 20 e 30 e que só chegou ao fim devido à eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939, a Art Deco também acompanhou i\ era dourada dos estúdios do cine-n americano.
Este é um nome que se tomou de uso geral logo após uma exposição realizada em 1966 que se chamava LesAnnés "25" Art Deco/Bauhaus/Stijl/Esprit Nouveau, apresentada pelo Musée des Arts Décoratifs, em Paris. O termo apareceu originalmente na mesma cidade, devido a uma Exposition dês Ans Décoratifs et Industrieis Moderns, de 1925, quando esta feira mundial foi ponto de partida para uma renovação do estilo francês, chamado então de moderno.
Com a ausência de grande parte dos outros países convidados, em função do regulamento, a feira ficou mais restrita à produção francesa, o que não impediu o desenvolvimento do estilo a nível mundial, repetindo o fenômeno que já tinha acontecido com a Art Nouveuu no final do século 19.
Tendo a Pairie School do grande arquiteto Frank Lloyd Wright como uma das precursoras do movimento nos Estados Unidos, mas com uma influência inegável vinda da arquitetura de Louis Sullivan. do início do século 20, além das construções do escocês Charles Rennie Mackintosh e da inspiração geométrica da Bauhaus alemã, a Art Deco favoreceu a construção de edifícios imponentes, nos quais as grandes formas definidas eram particularizadas com ornamentos, motivos geométricos, esculturas, relevos, cores texturas, motivos simbólicos, étnicos, ritmos equivalentes aos da musica, principalmente aos da Era do Jazz norte americano.
Acontecimentos tais como a descoberta do túmulo do faraó egípcio Tutankamon por Howard Cárter em 1922, o sucesso da negra norte-americana Josephine Baker na Europa, o exotismo advindo dos Baileis Russes de Serge Diaghilev, do bailarino Nijinski, a moda como fator cultural, o estudo dos maias, a arte africana, eram inspiração para o complemento arquitetônico dos prédios e das ornamentações interiores.
Sofrendo uma série enorme de influências diferentes, é de admirar que se tenha - dentro de uma ligeira variedade regional - conseguido unificar estes indícios não muito acentuados como um movimento distinto, poderoso e facilmente reconhecível da arquitetura mundial.
Edifícios tão distantes quanto os do Empire State e Chrysler em Nova York, ou até a Hoover Dam - represa do rio Colorado, perto de Las Vegas, EUA - ou a Estação da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, possuem esta linguagem comum.
Servindo muito mais aos edifícios públicos do que aos particulares, a Art Deco apresenta na maioria dos edifícios norte-americanos uma linha que segue mais o ecletismo, elaborada em formas maciças atenuadas pela decoração muitas vezes executada em bronze, como o Edifício Bullock's Wilshire em Los Angeles.
Pode-se dizer que o Edifício Garcez - na Avenida Luiz Xavier esquina com a Praça Osório, em Curitiba - projetado por João Moreira Garcez no início dos anos 30, é um herdeiro direto desta vertente arquitetônica dos grandes prédios de Sullivan, possuindo muitos pontos de semelhança com edificações ecléticas. porém com decoração reduzida.
Os demais edifícios Art Deco que temos em nossa cidade correspondem a uma fatura um pouco mais clean de construção, sendo exemplos o Edifício dos Correios na Rua XV e Mal. Deodoro, a prédio da RVPSC - Rede Viação Paraná Santa Catarina, na João Negrão, o CEFET na Sete de Setembro.
Estes são descendentes de uma arquitetura que se iniciou com a casa projetada por Frederico Kirchgässner, na Rua Jaime Reis esquina com a Rua Portugal, e a de seu irmão Bernardo, também projetada por ele e construída em 1936, cita à Rua Visconde de Nácar, 93.
Verdadeiros escândalos na época, estas casas causaram indignação no público cujo só se acostumou com este tipo de construção quando em 1943 foi realizada a II Grande exposição de Curitiba, na qual grande parte dos pavilhões temporários foi construída em Art Deco.
Ver a classificação da arquitetura Art Deco em Dude que, Irã Taborda "espirais de madeira - uma história da arquitetura de Curitiba" Studio Nobel. FAPESP.2001 São Paulo SP. Por sinal, um excelente livro que recomendo.
ÍNDICE
Geraldo Pougy, diretor do Centro de Design do Paraná, convida para as palestras da 4° edição do Design to Business, no dia 20 de março. Com o apoio do British Council, a design manager Jane Pritchard, que iniciou seus trabalhos na IDEO Londres e agora é responsável por workshops no Design Museum de Londres, vai falar sobre "Design como Ferramenta de Inovação". Informações no site: www.centrodedesian.org.br.
Notícia
Jornal do Estado (PR) online