Depois de treze meses de reformas, o arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros da USP reabre nesta quarta-feira (dia 11). Considerado um dos mais importantes do País, o acervo, agora, dispõe de equipamentos modernos que facilitam a sua consulta.
O arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), da USP, reabre nesta quarta-feira (dia 11). Durante toda a tarde, os estudantes, professores e pesquisadores vão poder visitar as novas instalações e testar os equipamentos modernos que facilitam e agilizam as consultas. E o mais importante: as duas mil obras de arte, os 250 mil documentos e os 110 mil livros que compõem o acervo, considerado um dos mais importantes do País, estão protegidos por um preciso sistema de segurança.
"Esta reforma se estendeu por longos 13 meses", conta a diretora Marta Rossetti Batista. "O arquivo teve que permanecer fechado. Os pesquisadores reclamavam dizendo estar sofrendo um verdadeiro terrorismo cultural. Mas agora todos poderão constatar que valeu a pena esperar. O arquivo foi beneficiado com vários projetos. Passou por uma reformulação geral do espaço ao equipamento, tornando mais eficiente o trabalho dos arquivistas e consulentes."
Além de constatar as mudanças, os visitantes poderão observar as etapas da reforma e modernização das áreas através de uma exposição fotográfica. "Ficamos dois meses embalando o acervo. E, durante as obras, as arquivistas e todo o pessoal tiveram que acompanhar o trabalho dos operários e zelar pelas obras e livros empacotados para que não fossem danificados."
Marta afirma que apesar de estar fechado para o público, as pesquisas internas do arquivo prosseguiram. "Nós tivemos o cuidado de separar o material dos projetos que pretendíamos desenvolver no decorrer da reforma. As sete mil cartas de Mário de Andrade, por exemplo, foram catalogadas e a sua organização já está sendo concluída. Também o arquivo novo de Graciliano Ramos continuou sendo trabalhado."
Consultas em novo ritmo
Os pesquisadores, agora, têm a infra-estrutura necessária para poder desfrutar à vontade das preciosidades do arquivo. Quem quiser ouvir os discos colecionados por Mário de Andrade (incluem Carmem Miranda, Pixinguinha, Dorival Caymmi e todos da MPB desde a década de 30) dispõe de uma cabine especial com aparelhagem completa de som. E o melhor: se quiser tirar uma cópia é só levar a fita. "Antes só tínhamos um gravador de rolo de 1960", lembra Marta. "E o interesse por estes discos de 78 rotações é muito grande. Acredito que poderemos enriquecer muitas pesquisas sobre a música popular brasileira."
O arquivo oferece também outras três cabines especiais que garantem a tranqüilidade das consultas: duas só para leituras de microfilmes que podem, inclusive, ser copiadas e outra de vídeo. O IEB abriu, ainda, outros espaços especiais para o público, como a sala de audio-exposições. "Os livros, as fitas, discos, documentos foram reorganizados em prateleiras devidamente projetadas que aumentaram a capacidade de guardar documentos", conta a diretora. "As estantes são deslizantes, facilitando o trabalho dos arquivistas e consulentes."
A modernização do arquivo inclui um programa de informática que já está começando a ser desenvolvido. Outro projeto para o futuro é a montagem de um banco de dados que poderá ser acessado, via Internet, por pesquisadores de todo o mundo. "O acervo vai ser devidamente catalogado para possibilitar estas consultas", planeja Marta.
Sistema moderno de segurança
O risco de incêndio que antes ameaçava os acervos agora já não existe mais. Tanto o arquivo como a biblioteca foram assegurados por um sistema automático de detecção, alarme e extinção de fogo por gás carbônico. "Se dois detectores constatarem a presença de fumaça, o alarme dispara", explica Marta. "Caso o incêndio seja constatado, um outro alarme alerta para o abandono da área. As portas fecham automaticamente para que o gás possa ser acionado só na área em perigo. Este sistema, além de preciso, não danifica os livros e documentos."
Além da instalação destes equipamentos, as salas e os depósitos de documentos e audiovisuais foram protegidos por portas contra incêndio. Há também saídas de emergência.
"Os funcionários passaram por um treinamento especial para ter o comportamento correto diante de qualquer emergência, que deverá ser repetido periodicamente", acentua a diretora.
Para desenvolver o projeto de segurança, orçado em R$ 230 mil, o IEB contou com o apoio da Fapesp. "A informatização, os novos equipamentos e a infra-estrutura moderna do IEB resultaram também dos programas financiados pela Fapesp", afirma Marta. "É importante destacar ainda a colaboração da Fundação Vitae e da própria USP através da Pró-Reitoria de Pesquisa e CCI."
Só para a cultura brasileira
Com produção reconhecida no Brasil e no Exterior, o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP é um centro interdisciplinar de pesquisa e documentação voltado para a historiografia e para a cultura brasileira. Foi fundado em 1962 pelo professor Sérgio Buarque de Holanda. E vem se destacando pela grande experiência em pesquisa, no trato e exploração de seu acervo composto por "brasilianas" com obras raras, livros, periódicos, partituras, do século XVI ao XX. Esta coleção está reunida na biblioteca em um ambiente devidamente climatizado. O arquivo é composto por manuscritos, cartas, fotos, recortes e outros documentos guardados por escritores, historiadores e artistas brasileiros como Mário de Andrade, Anita Malfatti, Guimarães Rosa, entre outros. E na coleção de artes visuais estão os desenhos, gravuras, pinturas e esculturas. O IEB possui um departamento de Difusão Cultural composto pelos setores de cursos e de publicações. Ministra atualmente cursos de especialização, extensão e difusão, oferecendo à graduação várias disciplinas optativas. Na área das publicações, edita livros e a Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, de caráter interdisciplinar, que divulga suas pesquisas e as de outros brasilianistas. A Coleção de Artes Visuais expõe continuamente as principais obras da Coleção Mário de Andrade (exposição permanente), além de realizar mostras periódicas destacando artistas, temas e estudos de seu acervo. O IEB conta com uma equipe própria de pesquisadores trabalhando de forma individual e coletiva nas áreas de História, Literatura, Artes Plásticas, Música e Ciências Sociais. Como centro interdisciplinar, oferece um ponto de reunião para pesquisas em áreas de cultura brasileira realizadas em conjunto com várias unidades de ensino.
Notícia
Jornal da USP