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Arqueóloga Inovadora que Transformou a História da Ocupação Humana nas Américas Falece aos 92 Anos (1 notícias)

Publicado em 08 de junho de 2025

Arqueóloga Niède Guidon Morre aos 92 Anos A arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon faleceu no dia 4 de junho, aos 92 anos.

Ela foi uma figura fundamental na criação do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, em 1979, e seu trabalho teve grande impacto na arqueologia brasileira.

Reconhecida mundialmente, Guidon desafiou a “teoria de Clóvis”, que sugeria que o Homo sapiens chegou à América pelo estreito de Bering entre 13 e 15 mil anos atrás. No sítio arqueológico do Boqueirão da Pedra Furada, ela descobriu vestígios de fogueiras com pelo menos 32 mil anos de idade, uma descoberta que foi amplamente divulgada na revista Nature em 1986. Além disso, localizou artefatos datados em mais de 50 mil anos.

Natural de Jaú, São Paulo , Guidon formou-se em história pela Universidade de São Paulo (USP) em 1959. Após um período de exílio na França , onde se especializou em arqueologia pré-histórica e completou doutorado e pós-doutorado, ela voltou ao Brasil na década de 1970. Nesse retorno, liderou uma missão financiada pelo governo francês que identificou 55 sítios arqueológicos no Piauí.

O Parque Nacional Serra da Capivara, criado em 1979, foi nomeado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1991. Com uma área de 100 mil hectares, abrange municípios como São Raimundo Nonato e João Costa. Sob a liderança de Guidon, mais de 800 sítios e 35 mil pinturas rupestres foram catalogados, tornando-se um importante centro de pesquisa arqueológica.

Guidon fundou a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e dedicou sua vida à proteção e divulgação da riqueza arqueológica do Brasil. Seu comprometimento com a ciência e a valorização da presença feminina na pesquisa científica foi destacado em um comunicado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que a descreveu como uma das vozes mais fortes na defesa da ciência no Brasil.

O governo do Piauí decretou luto de três dias, afirmando que o "legado inestimável" de Guidon permanecerá vivo na memória dos piauienses e de todos que valorizam a ciência, cultura e meio ambiente

Em 2022, a arqueóloga recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto, concedido anualmente pelo CNPq, MCTI e a Marinha do Brasil. Guidon também foi homenageada com a Ordem do Mérito Científico, Grã-Cruz, do MCTI; o Green Prize da Paliber; o Prêmio Príncipe Claus; e o Prêmio Chevalier de La Légion d'Honneur, do governo francês.

A trajetória de Niède Guidon é um testemunho do impacto da arqueologia na compreensão da história e cultura brasileiras, deixando um legado indelével em cada pesquisa e descoberta que realizou.

Informações da Agência FAPESP