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Armazenagem de frutos tropicais viabiliza comercialização

Publicado em 22 abril 2013

Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, uma pesquisa demonstrou a viabilidade do armazenamento de frutas originárias da Amazônia sem perda de qualidade, o que facilita a comercialização. A engenheira agrônoma Patrícia Maria Pinto analisou a fisiologia pós-colheita do abiu (Pouteria caimito), do bacupari (Rheedia gardneriana) e do camu-camu (Myrciaria dubia) e chegou à temperatura ideal para o armazenamento de cada fruto.

O projeto foi realizado no Laboratório de Pós-Colheita de Frutas e Hortaliças do Departamento de Produção Vegetal (LPV) da Esalq e os frutos utilizados em todas as etapas são provenientes do Estado de São Paulo. Os abius foram colhidos de plantas de pomares comerciais da região de Mirandópolis; os bacuparis e os camu-camus, de plantas da Coleção de Frutas Tropicais da Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB), parceira no desenvolvimento do trabalho. "Parte da pesquisa foi realizada na Universidade da Flórida, em Gainesville (Estados Unidos), sob supervisão do pesquisador Steven Sargent", destaca a autora do estudo.

Em laboratório, avaliou-se o comportamento dos frutos após a colheita, enquadrando-os na classificação dos frutos quanto ao padrão respiratório. Também foi definido o ponto ideal de colheita. "Os abius enquadraram-se na classificação de frutos climatéricos, ou seja, têm a capacidade de completar o amadurecimento após a colheita. Sendo assim, os abius devem ser colhidos no estágio de maturação caracterizado pela cor da casca verde-amarela", observa Patrícia.

Nos bacuparis foi constatado padrão não-climatérico, sendo necessário colhê-los quando maduros, com a casca na coloração laranja. "Os camu-camus também foram considerados frutos climatéricos e devem ser colhidos quando a casca alcançar coloração vermelho-esverdeada", acrescenta a engenheira agrônoma.

Conservação dos frutos

Segundo a pesquisadora, a temperatura de armazenamento influenciou a conservação de todos os frutos, sendo que para os abius, recomenda-se o armazenamento entre 10°C e 15°C, enquanto para os bacuparis a 10°C e para os camu-camus, a temperatura ideal é a de 5°C. "Também aplicamos 1-Metilciclopropeno (1-MCP), um regulador vegetal capaz de retardar o amadurecimento de certas frutas. Este regulador influenciou a qualidade e fisiologia dos abius e camu-camus, aumentando a vida de prateleira dos frutos. Já nos bacuparis, o 1-MCP ajudou a reduzir a incidência de podridões", complementa.

O projeto teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e os resultados obtidos contribuem para a criação de novos projetos e fornecem subsídios para a exploração de espécies frutíferas nativas, seja no âmbito da produção ou no da pós-colheita. "A pesquisa mostrou que há a possibilidade de armazenar essas espécies por um determinado período de tempo, facilitando a comercialização e mantendo a qualidade original dessas frutas."

O consumo de frutas e hortaliças sempre foi valorizado pelos benefícios que os alimentos podem trazer à saúde. "A exploração de frutos tropicais não tradicionais, como é o caso dos nativos da região Amazônica, vem ao encontro dessa afirmação, pois neles são encontrados níveis consideráveis de compostos bioativos", afirma Patrícia, que é pesquisadora do programa de Pós-graduação em Fitotecnia da Esalq.

Terra da Gente, com info Agência USP