Identificar as áreas de vulnerabilidade e de riscos de desastres naturais na região litorânea do estado de São Paulo, avaliando a percepção das pessoas sobre a situação de risco e as estratégias de enfrentamento, foram os principais assuntos abordados pela apresentação do pesquisador Allan Yu Iwama, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Dirigida a pesquisadores e tecnologistas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI) de São José dos Campos (SP) e transmitida por videoconferência ao Cemaden de Cachoeira Paulista (SP), a palestra suscitou um debate sobre riscos e vulnerabilidade no contexto de desastres naturais, provocados pelas mudanças climáticas e ambientais entre 2000 e 2010. O período é considerado pela Organização Mundial de Meteorologia (WMO, na sigla em inglês) como a década dos eventos extremos.
O evento ocorreu na última quarta-feira (21), em São José dos Campos, e focou, principalmente, os municípios de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba, abordando as ações para mitigação dos impactos sociais e ambientais nessas localidades.
A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Iwama, que realizou o mapeamento das áreas de riscos na zona costeira de São Paulo, apresentando as múltiplas escalas que podem subsidiar iniciativas de monitoramento e mitigação a mudanças climáticas.
Redução de impactos
A necessidade de aumentar as intervenções para reduzir os impactos perante um perigo iminente de desastres, adotando estratégias de mobilização da sociedade, foi uma das direções apontadas pelo pesquisador.
Dados do estudo mostram que, embora estejam sendo implementadas iniciativas e políticas públicas integradas a instrumentos de gestão com bases nas mudanças climáticas - como, por exemplo, regras para o uso do solo, planos diretores, zoneamento e mapeamento de riscos -, é preciso aumentar a interação entre o setor público e a sociedade.
Iwama identificou que deslizamentos e inundações nas áreas de alta e muito alta suscetibilidade de riscos do litoral paulista ocorrem também em região de grande densidade populacional.
No levantamento da análise sociodemográfica e do meio físico, constatou-se que a população mais vulnerável continua com acesso restrito aos serviços públicos básicos ou em condições precárias de moradia.
Os resultados da pesquisa contribuíram com o projeto temático Clima - crescimento populacional, vulnerabilidade e adaptação: dimensões sociais e ecológicas das mudanças climáticas no litoral de São Paulo, que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).