Notícia

Correio Popular (Campinas, SP)

Áreas de risco despertam atenção

Publicado em 14 julho 2006

Símbolo das áreas de risco em Campinas, o Ribeirão Anhumas começou a receber a atenção que encerra o longo período em que a população que vivia em suas margens enfrentou situações de perigo, principalmente em períodos de chuva, e o ribeirão sofreu graves danos ambientais. A Prefeitura de Campinas apresentou no início de junho o projeto de revitalização das margens do Anhumas, que envolveu as secretarias de Habitação; Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e Infra-Estrutura, além da Administração Regional 3 (AR-3). É um exemplo de saneamento para as populações que vivem em áreas de risco na RMC.
A região receberá investimentos na revitalização e um projeto de reurbanização e paisagismo. O intuito é solucionar definitivamente os problemas relativos à ocupações na localidade e recuperar toda a margem do Anhumas, transformando o local em um dos parques lineares mais importantes da cidade, com extensão de oito quilômetros desde a Praça Arautos da Paz até as margens da rodovia D. Pedro I. A área total de todo o projeto é de 207.480 metros quadrados.
Com estimativa de investimento de R$ 33,2 milhões, o projeto de revitalização do entorno do Ribeirão Anhumas terá vários tipos de intervenções. A primeira delas será o replantio da mata ciliar e vegetação originária das margens do córrego e a execução de calçada. A segunda etapa do projeto envolve a construção de pista de cooper, quadras poliesportivas e colocação de equipamentos urbanos, como luminárias, bancos e aparelhos de ginástica.
Para dar diretrizes à implantação do Parque Anhumas, foram elaborados três projetos, que foram discutidos na audiência pública. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), apoiado pela (FAPESP), apresentou seu projeto, um diagnóstico de intervenções de políticas públicas no local.
A Secretaria de Comércio, Indústria e Turismo debateu seu plano para viabilização e ampliação da malha ferroviária da Praça Arautos da Paz, a maria-fumaça. O setor habitacional — que envolve a Cohab e Sehab —, além de participar do projeto com ações próprias de sua área, como a construção de quadras poliesportivas e pistas, já havia tomado posição fundamental na questão ao construir moradias e remover até fevereiro deste ano 300 famílias que viviam em área de risco. As famílias estavam na região mais perigosa da Vila Nogueira, envolvendo as ruas Luiza de Gusmão e Moscou.
"Em outras oportunidades o poder público realizou remoções nessa região, mas não conseguiu evitar que eles fossem reocupados. É exatamente isso que estamos buscando evitar", afirma o secretário de Habitação e presidente da Cohab Campinas, Fernando Vaz Pupo.
De acordo com a diretora municipal do Meio Ambiente, Mayla Yara Porto, a intenção da Prefeitura é conseguir, junto à iniciativa privada, parceiros que ajudem na implantação do parque. Devido às dimensões da área, ela poderá ser dividida em diversos trechos, em várias praças, ficando cada uma sob responsabilidade de um padrinho. "Não é um projeto unilateral, nem a curto prazo, mas será de grande importância para Campinas por abranger uma área emblemática da cidade."

Árvores
As ações começarão com plantios de 100 mudas nos locais liberados pela transferência de famílias que viviam em condições de risco. O plantio será realizado por adultos e crianças que ali viviam. "Essas pessoas conviveram muitos anos com uma área degradada e com os problemas decorrentes, e agora participarão de uma nova fase, quando começa a recuperação ambiental", explica Mayla Porto.
Ela destaca, ainda, o caráter de coletividade e cidadania de que o Projeto Anhumas se reveste, por unir diversos segmentos nos esforços para viabilizar o futuro parque. "Teremos a Administração municipal trabalhando e a academia, representada por faculdades e institutos de pesquisa, ajudando na elaboração do projeto; teremos a participação dos moradores e o investimento da iniciativa privada, em uma grande ação conjunta que beneficiará toda a cidade", avalia.
"Campinas está ganhando uma obra que vai mudar o histórico de uma região abandonada há décadas e que de agora em diante terá uma área recuperada e um espaço voltado para o lazer", afirma o prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT).