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Tribuna (Ribeirão Preto, SP)

Ar mais puro, um aspecto positivo (33 notícias)

Publicado em 14 de junho de 2020

O isolamento social para controlar o avanço do novo coronavírus (covid-19) vem ajudando a reduzir a emissão de poluentes nas grandes cidades do estado de São Paulo, segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A mudança na rotina dos paulistas reduziu a quantidade de veículos circulando e, consequentemente, a diminuição do monóxido de carbono, indicador da emissão de poluentes em grandes centros urbanos, como é o caso de Ribeirão Preto. Estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), aponta queda no número de veículos nas ruas como sendo o grande responsável pela redução de poluentes durante o período de quarentena.

Segundo especialistas em meio ambiente, essa hipótese é muito plausível tanto pelos dados coletados durante este período de quarentena quanto por estudos anteriores, relacionados à influência dos veículos automotores na poluição do ar de grandes cidades.

Utilizando-se, por exemplo, os números do atual período de quarenta na cidade de São Paulo, verifica-se que, na média, a taxa de isolamento social dos munícipes está em 50%. Logo, para quem mora na cidade, é bastante visível que esse isolamento influenciou no menor trânsito de veículos e essa diminuição da frota transitando pela cidade ocasionou uma melhoria na qualidade do ar.

Estudo elaborado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) “Inventário de emissões atmosféricas do transporte rodoviário de passageiros no município de São Paulo”, revela que os automóveis são responsáveis por 72,6% das emissões de gases poluentes.

Outro dado interessante apontado por este estudo é de que os automóveis - transporte individual - poluem muito mais que o transporte coletivo. Os automóveis são responsáveis por 71% das emissões do poluente na cidade, contra 25% dos ônibus e 4% das motocicletas, levando- se em conta o material particulado lançado por pessoa transportada.

O material particulado lançado ao ar em virtude da queima de combustível dos veículos automotores é um poluente crítico e imperceptível ao olho nu. Este poluente afeta o pulmão e pode causar asmas, bronquite, alergias, além de outras graves doenças cardiorrespiratórias, podendo ocasionar óbitos.

Outra pesquisa publicada pela Revista Brasileira de Epidemiologia, de título “Poluição veicular e saúde da população: uma revisão sobre o município de São Paulo” apresentou um aumento de 3% a 4% da taxa de mortalidade diária por doenças cardiovasculares, associadas ao aumento de material particulado no ar, principalmente de [SO2].

Para doenças respiratórias, o aumento na mortalidade diária foi de 6%. Em relação aos grupos vulneráveis, foi constatado que pode chegar a um aumento 14,2% na chance de morte de idosos por problemas respiratórios, associados ao aumento de material particulado no ar. As famílias mais afetadas possuem piores condições socioeconômicas.

Pelo mundo

Em Nova York, o tráfego de veículos diminuiu 35% desde a chegada do novo coronavírus. Isso cortou as emissões de monóxido de carbono por automóveis pela metade, em comparação a 2019. Na China, epicentro inicial da pandemia, as emissões de CO2 caíram 25% em apenas duas semanas, o que, segundo estimativas, pode resultar numa redução de 1% em 2020.

O mesmo aconteceu em países como Reino Unido, Alemanha e Holanda. Entretanto, as reduções podem ser temporárias. Após o fim da crise financeira de 2008, por exemplo, as emissões subiram 5% repentinamente, como resultado dos estímulos financeiros ao setor de combustíveis. O receio é que os esforços para recuperar a economia pós-pandemia, façam a poluição aumentar novamente.