• Estudo revela que até 36% dos habitats de anuros podem se tornar áridos até 2100.
• Amazônia e Mata Atlântica são as regiões mais afetadas, com alta diversidade de espécies.
• A combinação de secas e aquecimento reduz em até 26% o tempo de atividade dos anfíbios.
• Pesquisadores buscam entender a adaptação das espécies a ambientes mais áridos.
• Três opções para os anuros: migrar, adaptar-se ou enfrentar a extinção.
Um time internacional de pesquisadores publicou um estudo na revista Nature Climate Change, mapeando os efeitos da combinação entre secas e aquecimento global sobre os anfíbios anuros, como sapos e rãs. Rafael Bovo, da Universidade da Califórnia, destacou que a Amazônia e a Mata Atlântica são as regiões com maior diversidade de espécies e a maior probabilidade de aumento na frequência e intensidade das secas, o que pode prejudicar a fisiologia e o comportamento desses animais.
As previsões indicam que entre 6,6% e 33,6% dos habitats dos anuros se tornarão mais áridos entre 2080 e 2100, dependendo das emissões de gases de efeito estufa. Em um cenário moderado, com aumento de 2 ºC, 15,4% desses locais enfrentarão secas mais severas. Se as emissões forem altas, com aquecimento de até 4 ºC, mais de um terço dos habitats sofrerá secas devastadoras, afetando especialmente os anfíbios, que têm pele fina e permeável.
Os pesquisadores observaram que a combinação de seca e aquecimento pode dobrar a redução do tempo de atividade dos anfíbios, impactando sua alimentação e reprodução. Simulações indicam que, em ambientes tropicais, o tempo de atividade dos anfíbios pode ser reduzido em 26% devido a essas condições climáticas adversas. Além disso, algumas regiões áridas podem dobrar as taxas de perda de água desses animais.
O estudo também busca entender se algumas espécies têm a capacidade de se adaptar a ambientes mais áridos a curto prazo ou se podem evoluir ao longo de milhares de anos. Com os dados coletados, os pesquisadores pretendem aprimorar modelos de previsão de extinções, considerando que as espécies podem migrar, se adaptar ou ser extintas. A pesquisa visa prever a biodiversidade que restará até o fim do século, diante das mudanças climáticas.