A área de floresta atlântica, que originalmente ocupava cerca de 80% do território de Estado e que foi reduzida para 7% graças a ação do homem, deve ser ainda mais impactada pelas mudanças climáticas e pelos efeitos do aumento das emissões de gases precursores do efeito estufa na atmosfera. A projeção é resultado de estudos feitos —— ou coordenados —— pelo pesquisador, Carlos Joly, coordenador do projeto Biota da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Uma das pesquisas cujos resultados foram apresentados ao público, avaliou o desempenho de 38 espécies da floresta atlântica e traçou um panorama pessimista, segundo o qual 65% delas devem ser extintas do bioma, pelos efeitos das mudanças climáticas. Pela projeção mais otimista, cerca de 30% dessas espécies desapareceriam.
Joly ministrou palestra no workshop Mudanças Climáticas: Impactos no Ambiente, Agricultura e Biodiversidade, realizado ontem pelo Calq (Centro Acadêmico Luiz de Queiroz), no pavilhão de engenharia da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). Joly discorreu sobre o tema Biodiversidade e Mudanças Globais.
Os efeitos, afirmou o professor, seriam mais acentuados nas áreas floresta atlântica dos estados do Sul e do Nordeste. Joly disse que as florestas de araucária, que ocorrem do Paraná ao Sul do país, deverão desaparecer totalmente. Segundo ele, os indivíduos adultos não deverão morrer (em virtude dos aquecimento global), porém novas mudas não vingarão.
O pesquisador faz projeção semelhante para a Floresta Amazônica. Ele não acredita que parte do bioma irá se transformar em savana, como prevê o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com base em dados do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática). "A cobertura será predominantemente florestal, porém pobre (em biodiversidade)".