Fapesp e Padtec assinam convênio para o avanço do conhecimento científico e tecnológico em comunicações ópticas, que utilizam a luz como portadora da informação. Serão destinados R$ 40 milhões em cinco anos a projetos de pesquisa e bolsas de estudo
Os recursos movimentados pelo setor de telecomunicações no mundo, algo em torno de US$ 3,3 trilhões anuais, superam em seis vezes o produto interno bruto (PIB) brasileiro. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o mercado nacional de equipamentos de telecomunicações representa US$ 8 bilhões desse total.
Os dados foram apresentados na manhã dessa terça-feira (12/06) em cerimônia na sede da Fapesp, em São Paulo, por Jorge Salomão Pereira, presidente da Padtec, empresa brasileira de base tecnológica que na ocasião assinou convênio com a fundação paulista para o financiamento de pesquisas em comunicações ópticas, que utilizam a luz como portadora da informação.
O objetivo é apoiar projetos que contribuam para inserir novos produtos e soluções desenvolvidas com tecnologia nacional no mercado de telecomunicações, de modo a aumentar a competitividade da indústria brasileira no cenário internacional. Estão previstos R$ 40 milhões em cinco anos, divididos em partes iguais pela Fapesp e pela Padtec, empresa vinculada ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).
Na opinião de Pereira, a importância do convênio se justifica pelo fato de o país ainda não ter conseguido reverter o conhecimento gerado pelas universidades e institutos de pesquisa em uma base industrial comparável ao mercado mundial de telecomunicações, apesar dos avanços significativos nas três décadas em que as comunicações ópticas estão estabelecidas no Brasil.
"Essa parceria com a Fapesp funcionará como um catalisador, uma ponte entre as oportunidades do mercado e as demandas da comunidade científica e tecnológica brasileira", explicou o presidente da Padtec. "Essa relação é simbiótica, uma vez que o aumento de produtos nacionais no mercado vai permitir novos investimentos em atividades de pesquisa e desenvolvimento e também contribuir para a formação de mais recursos humanos qualificados."
Também presente à cerimônia, Alberto Goldman, vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, afirmou que o convênio Fapesp-Padtec é uma prova de que os recursos da fundação paulista têm terreno fértil nas instituições do estado de São Paulo para a geração de resultados práticos em níveis globais. "A origem dos recursos da Fapesp é estadual, mas os resultados desses investimentos beneficiam o conjunto do país", disse Goldman. "A Padtec, que ainda não é uma empresa de grande porte e está investindo uma quantia expressiva de seu faturamento nesse convênio, está hoje instalada em São Paulo. Mas tem grandes chances de estar em qualquer lugar do mundo amanhã e trazer riqueza para a economia e a sociedade brasileira", ressaltou. O presidente da Fapesp, Carlos Vogt, acredita que iniciativas de cooperação universidade-empresa — um tema que chegou a causar repulsa há alguns anos — hoje são responsáveis por garantir laços duradouros de transferência do conhecimento, a exemplo das inúmeras parcerias com empresas mantidas pelo CPqD e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
"Mesmo tendo sido entendidas como uma ameaça à autonomia universitária por muitos anos, principalmente no ambiente das instituições públicas, as cooperações universidade-empresa têm crescido em importância e referência desde o final do século passado e estão conseguindo acompanhar a evolução do desenvolvimento científico e tecnológico do estado de São Paulo", observou Vogt.
Chamada de Propostas
O desafio mundial do setor de telecomunicações, e também o perfil da chamada de propostas, é encontrar tecnologias que permitam a transmissão de um volume cada vez maior de dados, com mais velocidade, baixo custo e mais segurança. As tecnologias ópticas são as mais promissoras nesse cenário, lembrou Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, por utilizarem a luz para transmitir informações.
"Esse é um dos maiores acordos de cooperação entre empresa, universidades e centros de pesquisa do país. A Fapesp está se associando à Padtec, pois essa é uma empresa que tem em seu DNA a idéia de que conhecimento e pesquisa são fundamentais para seu crescimento", apontou Brito.
Segundo ele, o convênio não busca projetos de adaptação, que simplesmente melhorem processos realizados anteriormente. "Para que a Padtec se torne uma das principais empresas do mundo no setor, serão apoiadas pesquisas ousadas que sejam capazes de mudar o nível qualitativo das comunicações ópticas no Brasil. Os pesquisadores deverão descobrir maneiras de fazer muito melhor e totalmente diferente o que já se estuda hoje", complementou.
Uma característica importante da chamada de propostas é que os recursos solicitados para os projetos de pesquisa poderão ser utilizados para o pagamento de bolsas de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.
Para mais informações sobre a chamada de propostas, que devem ser apresentadas até 12 de agosto por pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa do estado de São Paulo: http://www.fapesp.br/convenios/padtec
(Agência Fapesp, 13/6)
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