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Aprovados 6 projetos brasileiros para estudo sobre democracia, governança e confiança (2 notícias)

Publicado em 08 de agosto de 2024

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Pesquisadores de três países se unirão para investigar a dinâmica da polarização, confiança e comportamento entre jovens urbanos de São Paulo, Nova Délhi (Índia) e Joanesburgo (África do Sul), além de jovens dessas regiões que residem em Londres. A análise focará no engajamento em redes sociais e em discussões em grupo.

“Análises de grandes modelos de linguagem olhando as redes sociais e o uso de participação cidadã vão nos ajudar a entender como e em que extensão o engajamento nas mídias sociais afeta a confiança difusa na democracia e como a chamada polarização afetiva impacta o comportamento dos jovens em sociedade”, explica José Veríssimo Romão, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Uma abordagem central será o uso de minipúblicos, estratégia que reúne jovens de forma aleatória para debater sobre polarização e propor soluções para mitigá-la. Liderado pela pesquisadora Marjoke Oosterom, do Instituto de Estudos do Desenvolvimento no Reino Unido, o projeto é uma das iniciativas selecionadas na chamada “Democracia, Governança e Confiança”, promovida em 2023 pela Plataforma Transatlântica (T-AP).

Essa plataforma fomenta a colaboração transnacional em pesquisas nas ciências humanas e sociais, envolvendo financiadores da Europa, Américas e África. Ao todo, 19 projetos foram aprovados, cada um com equipes de pelo menos três países entre os nove participantes, representando os dois lados do Atlântico.

Objetivo Um dos projetos, coordenado no Brasil pela professora Gabriela de Brelàz, da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo (Eppen-Unifesp) e pesquisadora do Cebrap, envolve 25 pesquisadores de sete países. O objetivo é realizar um estudo comparativo em sete grandes cidades, investigando como inovações participativas urbanas estão enfrentando crises democráticas e desafios relacionados à confiança e governança.

“As cidades são locais de conflitos políticos e de grandes desigualdades”, conta a pesquisadora. De acordo com Brelàz, as cidades têm sido laboratórios de inovações participativas que remodelam instituições democráticas.

Essas inovações abrangem o uso de espaços públicos físicos e plataformas digitais, como redes sociais, que podem tanto fortalecer quanto enfraquecer a democracia. Também incluem iniciativas voltadas para reformas institucionais, como governos abertos e a criação participativa dessas estruturas.

Dificuldades As dificuldades institucionais na governança da resposta a doenças emergentes, como COVID-19 e zika, são o tema do projeto que tem o brasileiro André Luiz Sica de Campos, professor da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA-Unicamp), entre os pesquisadores principais.

“Nos últimos anos, tem ocorrido uma redução de confiança nos chamados experts e na ciência como um todo. Como podemos democratizar o conhecimento científico sem erodir a legitimidade dos experts é uma questão a ser abordada. Exploraremos como a ciência participativa pode aprofundar ou mitigar a crise de confiança na ciência”, explica Campos.

O trabalho vai coletar dados nos Estados Unidos, França e Brasil e comparar como atores dos três países lidaram e estão lidando com as consequências de longo prazo da pandemia. Nesse sentido, o Brasil tem a experiência do vírus zika, cujos impactos estão sendo percebidos nos nascidos com microcefalia, por conta da infecção, e que já são crianças.

“Contornar o problema da falta de confiança nos experts passa por democratizar o processo de construção do conhecimento científico. Quando se tem pacientes apenas como objeto de estudo, eles estão sendo excluídos desse processo. É importante inserir as famílias e os pacientes não só na construção do conhecimento como na formulação das políticas que os afetam”, encerra o pesquisador.

*Com informações da Agência FAPESP

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade