Os principais órgãos da meteorologia nacional - Instituto Nacional de Meteorologia (Inemet), Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo (DEPV) e o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE) aprovaram na semana passada a criação da Rede Nacional de Meteorologia (RNM).
Através dessa rede todos os dados da meteorologia coletados em nível mundial e todos os produtos de previsão gerados pelo CPTEC ou Inemet estarão disponíveis para os órgãos de metereologia existentes no país em tempo real. O CPTEC e o Inemet, de acordo com Carlos Afonso Nobre, chefe do CPTEC, que é subordinado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPb), serão os nós principais da RNM e, dessa forma, irão concentrar as informações que fluírem na rede.
Os dados terão uma velocidade inicial de tráfego da ordem de 64 kbites por segundo. "'Isso quer dizer que a rede vai transmitir 6.4 mil caracteres por segundo", disse Nobre. No CPTEC e futuramente no Inemet, segundo ele, a Rede Nacional de Meteorologia vai se conectar à Rede Nacional de Pesquisa da Internet. "Com a RNM qualquer usuário da Internet terá acesso aos dados de todos os órgãos de meteorologia do país", comentou.
O custo de implantação dessa rede, segundo cálculos feitos pela Embratel, seria de R$ 46 mil mensais, envolvendo a utilização das linhas da empresa para fazer a comunicação do sistema. A implementação da RNM e a entrada da Internet comercial no país vão colocar os dados da meteorologia nacional disponíveis a uma gama enorme de instituições, indivíduos e indústrias, ressaltou o chefe do CPTEC.
O setor produtivo também poderá fazer uso desses dados meteorológicos através da Internet. "O CPTEC passou a ser um endereço na Internet. A empresa só precisa pagar o serviço de acesso para obter as informações de seu interesse", explicou. A utilização mais sistemática e organizada das informações meteorológicas produzidas no Brasil, segundo Nobre, será extremamente benéfica para a economia do país, principalmente a agricultura.
"Se houvesse um uso adequado dessas informações a agricultura do setor Centro-Sul do país economizaria US$ 2 bilhões por ano", ressaltou. Com a implantação definitiva do CPTEC em Cachoeira Paulista, no ano passado, o país passou a dispor de duas previsões numéricas por dia de tempo. Equipado com um supercomputador japonês SX-3/12R, o CPTEC está capacitado para fazer previsões de tempo confiáveis com até cinco dias de antecedência.
A construção do CPTEC absorveu US$ 41 milhões em cinco anos. A manutenção do seu sistema computacional e toda a estrutura do centro têm um custo anual da ordem de R$ 6 milhões. O CPTEC possui cinqüenta funcionários.
O supercomputador do CPTEC é atualmente o sistema de maior capacidade unitária de processamento instalado no país. "'O equipamento pode realizar até 3,2 bilhões de operações matemáticas por segundo", disse. Isso representa a capacidade de rodar o modelo global de previsão do tempo em quatro horas, possibilitando margem de acerto de 90% para as previsões de 24 horas.
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Gazeta Mercantil