Depois de quase três meses em tratamento revolucionário contra Câncer o paciente Paulo Peregrino voltou a andar sozinho em São Paulo (SP).
O publicitário tinha doença há 13 anos e teve remissão total da linfoma 30 dias após o tratamento com CAR-T Cell (saiba mais abaixo).
como foi o tratamento
Peregrino ia receber cuidados paliativos, porém acabou sendo o 14º a ser tratado com a nova terapia;
A técnica combate a patologia com as células de defesa do paciente modificadas em laboratório e faz parte de um estudo financiado com recursos da FAPESP e do CNPq;
Todos os pacientes tratados com o método tiveram pelo menos 60% de remissão;
A recuperação ocorreu no SUS e oito desses pacientes ainda estão vivos;
O tratamento afeta três tipos de câncer: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo (afeta a medula óssea e seu protocolo ainda não está disponível no país).
Acho que só parei de andar um ou dois dias depois da alta. Mas estou falando daquelas caminhadas de dez minutos até os fundos do prédio. A fisioterapeuta me viu andando e ficou orgulhosa. Ela disse que estava impressionada. Talvez seja por isso que me chamam de Pilgrim.
Paulo Peregrino, publicitário e paciente, g1
O publicitário deixou o hospital no dia 28 de maio, tendo tido uma forte febre na última semana. Ele precisou retornar para acompanhamento, mas na sexta-feira (16), voltou às ruas e caminhando.
Para quem teve um tratamento tão longo, o homem até caminhou bastante: foram 2.437 degraus, 1,61 quilômetros e 25 minutos de caminhada até um mercado. Para ir para casa, ele usou um carro de aplicativo.
Paulo se reveza em duas tarefas enquanto segue sendo acompanhado por médicos: passear pelo terreno do prédio onde mora e escrever o livro que contará seus dez anos de luta contra o câncer.
Revolucionário
O homem de 61 anos é um caso atual de remissão completa em pouco tempo no grupo de estudo de 14 pacientes do Centro de Terapia Celular. O protocolo é utilizado desde 2019 pela USP, em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto (SP).
Foi uma resposta muito rápida e com tanto tumor. Até me emociono (quando vejo as duas ressonâncias do Paulo). Fiquei muito surpreso ao ver a resposta, porque temos que esperar pelo menos um mês após a infusão das células. Quando vimos, todos aplaudiram. Coloquei-o no grupo de professores titulares da USP e todos ficaram impressionados com a resposta que teve.
Vanderson Rocha, professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP, coordenador nacional de terapia celular da rede D'Or e responsável pelo caso de Paulo
Entre os demais pacientes, 69% obtiveram remissão completa em apenas 30 dias, sendo que o primeiro paciente a ser tratado com a técnica teve resultados semelhantes aos de Peregrino, mas acabou falecendo após um acidente doméstico em casa.
Como podemos ver acima, a tomografia computadorizada mostra Paulos diferentes; do lado esquerdo, vemos tumores por todo o corpo e, do lado direito, o sucesso na remissão da doença.
Hoje, o procedimento é realizado quando o paciente é acolhido em estágio avançado da doença, com os médicos obtendo autorização da Anvisa.
Alto custo
São poucos os países que utilizam a técnica, e o custo unitário do tratamento é de R$ 2 mil.
Devido ao alto custo, esse tratamento não é acessível na maioria dos países do mundo. O Brasil, por outro lado, está em posição privilegiada, com rara oportunidade de introduzir esse tratamento no SUS em um curto período.
Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular do CEPID-USP e do Centro de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, que desenvolveu a versão brasileira da tecnologia
As fábricas que cuidam do tratamento estão localizadas na Cidade Universitária, em São Paulo (SP), e outra no campus da universidade em Ribeirão Preto, com capacidade inicial para 300 tratamentos por ano.
Para disponibilizá-lo à população brasileira, é preciso obter financiamento para realizar o tratamento de 75 pacientes com linfoma e leucemia e gerar os dados clínicos que permitem o registro do produto na Anvisa. Esse estudo clínico custará R$ 60 milhões, mas economizará R$ 140 milhões em relação aos Preços praticados pelas empresas privadas. Recentemente apresentamos o projeto ao Ministério da Saúde e a expectativa é de apoio e financiamento para o avanço dessa importante tecnologia no país, que poderá dar início a uma nova Indústria de biotecnologia.
Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular do CEPID-USP e do Centro de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, que desenvolveu a versão brasileira da tecnologia
O estudo está previsto para começar em agosto. “Já existe uma fila de pacientes, porque os médicos que já sabem que estamos nesse processo estão constantemente enviando nomes de pessoas, e esses nomes estão sendo colocados em fila por exigências.”
Operação
Os linfócitos de defesa do tipo T do paciente são coletados;
No laboratório, eles passam por modificações genéticas para reconhecer o câncer;
Eles são multiplicados aos milhões e devolvidos ao paciente, onde circulam, encontram e matam o tumor, e não atingem as células normais.
Com informações de g1