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Apneia do sono acelera o envelhecimento, mas uso de aparelho que ajuda a respirar ameniza o problema (33 notícias)

Publicado em 18 de julho de 2023

Pessoas com apneia obstrutiva do sono vivenciam repetidas pausas respiratórias ao longo da noite, que podem durar alguns segundos ou até mesmo minutos e são seguidas por despertares que prejudicam a qualidade do descanso. Se não tratado, o distúrbio pode, com o passar dos anos, causar problemas de saúde, como aumento de risco cardiovascular, hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes e comprometimento da memória e da concentração.

Pesquisa feita na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que a apneia também promove a diminuição dos telômeros – estruturas presentes nas extremidades dos cromossomos e que têm o papel de manter a integridade do material genético existente no núcleo celular. Os telômeros naturalmente vão encurtando à medida que as células se dividem para regenerar os tecidos e órgãos do corpo. E quando ficam demasiadamente pequenos, a célula envelhecida para de se multiplicar. Na medida em que acelera esse processo de encurtamento dos telômeros, portanto, a apneia promove o envelhecimento precoce das células.

A boa notícia dos estudos conduzidos na Unifesp é que o problema pode ser amenizado com uso do CPAP (sigla em inglês para pressão positiva contínua em vias aéreas) – aparelho acoplado a uma máscara que lança ar no nariz durante o sono e regulariza a respiração. Os resultados mais recentes foram divulgados na revista Sleep.

Com apoio da FAPESP, os pesquisadores acompanharam ao longo de seis meses 46 pacientes homens, na faixa etária entre 50 e 60 anos, com apneia do sono moderada ou grave. Os voluntários foram divididos em dois grupos e tratados com CPAP ou um aparelho semelhante, porém, com vazamentos de ar que não permitem o efeito terapêutico e funcionam como placebo.

Nas visitas mensais os cientistas checaram a adesão dos pacientes ao aparelho, terapia considerada complexa e incômoda, e coletaram sangue para mensurar o comprimento dos telômeros – análise realizada em três ocasiões – no início do experimento, após um período de três meses e ao final da intervenção. Além disso, foram analisados no sangue marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo.

“O encurtamento dos telômeros é inevitável porque está relacionado à inflamação e ao estresse oxidativo do envelhecimento, mas descobrimos que pessoas com apneia apresentam uma aceleração desse processo”, explica Priscila Farias Tempaku, pesquisadora na área de medicina e biologia do sono do Departamento de Psicobiologia da Unifesp e autora do estudo. “Observamos ainda que, tanto aos três quanto aos seis meses, o uso do CPAP atenuava essa aceleração.”

Os pesquisadores investigaram ainda os mecanismos moleculares que envolvem a associação entre apneia e telômeros. Um desses mediadores, o marcador inflamatório TNF-α, mostra que provavelmente a via molecular implicada é a inflamação. “Nos pacientes que usaram o placebo, a molécula se mostrou um fator influente no comprimento dos telômeros; já naqueles que usavam o CPAP não havia essa associação, mostrando que, além de sua importância já conhecida na redução do risco cardiovascular e metabólico, o aparelho também diminui a inflamação e, consequentemente, atenua o encurtamento do telômero”, explica Tempaku.

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Autor/a: Júlia Mióli  Fuente: Agência FAPESP  Apneia do sono acelera o envelhecimento, mas uso de aparelho que ajuda a respirar ameniza o problema