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Jornal do Brasil

Aparelhos ajudam no controle da diabetes (1 notícias)

Publicado em 21 de abril de 1996

O maior aliado no combate à diabetes é a conscientização. A doença - que afeta 5 milhões de pessoas no Brasil e é responsável por 76% das mortes de pacientes entre 30 e 69 anos, segundo dados do Ministério da Saúde - pode ser tratada com um programa educativo, que inclui acompanhamento profissional, uso de medicamentos e controle da taxa de glicose. Assim, o diabético pode levar uma vida normal, ingerindo todos os tipos de comida, inclusive doces. "O tratamento com uma abordagem multiprofissional, com oftalmologista, nutricionista e psicólogo, é essencial para a saúde do paciente", afirma o endocrinologista Daniel Benchimol. O médico esclarece que o doente consciente pode se tratar melhor e participar de atividades sociais normalmente. "Se a pessoa mantiver uma dieta equilibrada pode até comer em uma lanchonete fast-food de vez em quando, desde que faça a substituição em outras refeições", afirma. A diabetes provoca uma alta na taxa de açúcar no sangue por causa da ausência de insulina - substância responsável pela queima dos alimentos - no organismo. A doença pode se manifestar durante toda a vida, mas 85% dos casos atingem pessoas com idade acima dos 25 anos. Os sintomas mais comuns são perda de peso, sede excessiva, vontade de urinar várias vezes ao dia, tonteira, visão turva e infecção ginecológica persistente. A quebra de tabus - como o de que o diabético não pode comer massa - ameniza a convivência com a doença. "Eu como de tudo e quando minha taxa de açúcar está baixa posso até comer doces", garante a socióloga Valeska da Costa Abranches, 23 anos, que descobriu que tinha diabetes há dois anos. Receitas especiais também facilitam a composição do cardápio. Uma das dificuldades para o tratamento é a falta de aparelhos fabricados no Brasil, como o glicosímetro, que mede a taxa de glicose através de uma gota de sangue em menos de um minuto. Com ele, a pessoa pode medir a taxa várias vezes ao dia, fazendo um controle mais rígido, além de ter uma rotina mais independente. Antes, a única opção para medir a glicose era o exame de sangue, feito com um intervalo de dois meses. Tatiana Nogueira Mendonça Braga, 11 anos, é uma das beneficiadas pela independência que o aparelho proporciona. Pelo menos três vezes por dia, ela confere a taxa de açúcar. A própria Tatiana aplica as três injeções diárias de insulina. "Eu expliquei que ela deve estar consciente do que pode ou não fazer, já que não posso estar sempre por perto", conta Eliane, mãe de Tatiana. Outra novidade que ainda não está disponível no país é uma bomba de insulina implantável, que depois de colocada dentro do corpo do paciente, passa a liberar a substância durante todo o dia, sem o inconveniente das injeções. Além disso, uma das únicas esperanças de cura da doença - o transplante de pâncreas - também não é feito no Brasil. Com tantas dificuldades, os doentes podem recorrer aos encontros onde se discutem as novas técnicas de controle da doença. O 5º Encontro de Diabéticos e Familiares, que vai acontecer entre os dias 2 e 5 de maio, no Sesc de Nogueira, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, pretende, entre outros assuntos, discutir a necessidade da criação de uma equipe dentro da própria família.