Notícia

Jornal do Brasil

Aparelho brasileiro facilita transfusão

Publicado em 19 agosto 2004

SÃO PAULO - Um novo equipamento desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) melhora a qualidade do sangue usado nas transfusões para imunodeficientes (pessoas que podem apresentar incompatibilidade com as células de defesa imunológica do doador), informou a Revista Pesquisa Fapesp. Outra qualidade do equipamento é que ele é cerca 30 vezes mais barato do que o utilizado regularmente. O protótipo do equipamento está instalado na Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto e é resultado do estudo de pós-doutorado do biofísico Evamberto Garcia de Góes. O aparelho refrigera o sangue e promove sua melhor exposição quando acoplado aos aparelhos que fazem a irradiação de raios-X ou gama. O procedimento atual usa irradiadores criados para esse fim, que utilizam césio 137 para produzir os raios gama e que custam mais de US$100 mil. Como a maioria dos bancos de sangue não pode adquirir o aparelho, a irradiação é feita por outros meios, nos quais a irradiação leva de 30 minutos a duas horas para ser concluída. Nesse período, o sangue fica exposto à temperatura ambiente, o que pode comprometer sua qualidade - explica Góes à revista. A função principal do nosso protótipo é permitir a utilização dos dois equipamentos com a mesma eficiência do irradiador específico (de césio), mas livre da exposição à temperatura ambiente. Tudo isso com um custo de R$ 10 mil. A irradiação do sangue é necessária para evitar uma reação rara, mas fatal, conhecida como doença enxerto-versus-hospedeiro, associada à transfusão. Isso ocorre em pacientes com deficiência imunológica, como é o caso das pessoas que receberam transplantes ou que têm algum tipo de leucemia - expõe. O protótipo é um vasilhame térmico com dois compartimentos: um para bolsas de plaquetas, com temperatura de 22°C, e outro para hemácias, com temperatura entre 2°C e 4ºC. Um motor acionado por computador faz com que o vasilhame gire em frente ao feixe de radiação. O movimento garante a distribuição uniforme dos raios e doses adequadas para cada bolsa e a agitação dos derivados do sangue, condição indispensável às plaquetas.