A SpiN-Tec é a primeira vacina de combate a Covid-19 desenvolvida com tecnologia e insumos totalmente nacionais
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o início do ensaio clínico de fase II da vacina SpiN-Tec MCTI UFMG, a primeira vacina de combate à Covid-19 desenvolvida com tecnologia e insumos totalmente nacionais. O imunizante foi desenvolvido por pesquisadores do Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da Universidade com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Segundo o imunologista e pesquisador Ricardo Tostes Gazzinelli, nesta fase, a vacina será testada em 360 voluntários. Eles serão divididos em dois grupos, um receberá a dose do comparador ativo e o outro, a SpiN-Tec. “É uma etapa importante pela segurança, pois permite uma estatística mais precisa sobre a imunidade”, explica.
Após a conclusão, os pesquisadores da UFMG enviarão os relatórios e depois solicitar uma autorização para a terceira e última fase da atual etapa, em que serão testados cerca de 5 mil voluntários. Se tudo ocorrer dentro do planejado, a vacina poderá ser aplicada em 2025.
A UFMG já está cadastrando os voluntários.
Marco histórico
Esse imunizante tem como diferencial frente aos outros o fato dele estimular a imunidade celular e ser mais resistente às variantes. Ele também é estável na temperatura de geladeira por pelo menos nove meses e por cerca de um mês em temperatura ambiente, o que facilita a sua distribuição.
Para o coordenador-geral de Ciências da Saúde, Biotecnológicas e Agrárias do MCTI, Thiago Moraes, a SpiN-Tec é um “marco histórico na ciência”. Ele também defendeu que o desenvolvimento nacional de vacinas “reduz a dependência externa e fortalece a resiliência do sistema de saúde”.
“A capacidade de desenvolver vacinas internamente permite que um país responda rapidamente a surtos de doenças infecciosas, protegendo sua população da propagação de doenças graves”, ressalta.
Cadastro de voluntários
Gazzinelli destaca que a colaboração da população é muito importante nessa fase do projeto. Quem estiver interessado em participar do ensaio clínico poderá preencher um pré-cadastro on-line.
Para ser voluntário é necessário que o candidato resida em Belo Horizonte durante todo o estudo; tenha idade entre 18 e 85 anos, além de já ter sido vacinado contra Covid-19 com os imunizantes Coronovac ou AstraZeneca e de ter recebido dose de reforço com AstraZeneca ou Pfizer, há pelo menos seis meses da última dose. No caso de uma colaboradora do sexo feminino, é vedada a participação de grávidas ou daquelas que estejam amamentando.
Estas pessoas terão que passar por avaliações clínicas e laboratoriais, realizadas pelo CTVacinas e a UPqVac, para selecionar os voluntários. Cada pessoa considerada elegível para o estudo será convidada a receber a vacina SpiN-TEC, na UPqVac. Após os procedimentos, ficará em observação por até uma hora e então será liberada.
O monitoramento será feito ao longo de um ano. A equipe responsável pelos testes clínicos fará ligações periódicas durante o período para os voluntários para saber como estão se sentindo. E eles farão sete visitas ao centro de pesquisa da Faculdade de Medicina: uma semana após a aplicação, duas semanas, 28 dias, 90 dias, 180 dias (seis meses), 270 dias (nove meses) e 360 dias (cerca de um ano).