Liderada pelo cientista de sensoriamento remoto e especialista em geoprocessamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Vinicius Peripato, a equipe de pesquisadores afirma que descobriu dezenas de perturbações na superfície de uma área amazônica.
As perturbações estão ligadas a possíveis estruturas arquitetônicas construídas pelos supostos povos que viveram na Amazônia há milhares de anos.
“As sociedades indígenas são conhecidas por terem ocupado a bacia amazônica por mais de 12.000 anos, mas a extensão de sua influência nas florestas amazônicas ainda é incerta. Nós relatamos a descoberta, usando informações de LIDAR (detecção e alcance de luz) de toda a bacia, de 24 obras de terra pré-colombianas previamente não detectadas sob a copa das florestas”, é descrito na introdução do artigo.
O que é a tecnologia LIDAR?
O Light Detection and Ranging, ou LIDAR, é uma tecnologia que utiliza lasers para medir informações da superfície de um ambiente — por exemplo, enquanto o sonar utiliza ondas sonoras para medir os dados, o LIDAR utiliza lasers de luz. A partir deste instrumento instalado em um avião, os cientistas conseguiram mapear a superfície da região e dividi-la em diferentes partes, revelando vegetação, assentamentos e possíveis aldeias abandonadas.
Antigas estruturas na Amazônia
Após a análise do material, eles descobriram 24 novos registros arqueológicos na Amazônia ; por meio de um modelo 3D, os cientistas removeram toda a vegetação da área estudada para facilitar a visualização dos ‘achados' — o local representa apenas 0,08% de toda a floresta amazônica.
Vinicius explica que ainda é preciso compreender melhor a extensão da ocupação pré-colombiana na região e que, provavelmente, existem mais sítios arqueológicos desconhecidos pela ciência. Ao todo, o artigo investigou cerca de 5.315 quilômetros quadrados de dados coletados pelo LIDAR.
“O estudo avança o conhecimento em três grandes áreas: na própria arqueologia, por meio de novas descobertas; nas ciências ambientais, demonstrando o nível de interferência humana na região, o que pode ter implicações para seu funcionamento atual e como modelamos o seu futuro; e finalmente na área de computação aplicada, que possibilitou a análise dos milhões de pontos presentes nos dados LIDAR e na modelagem estatística da distribuição das feições estudadas”, disse o coautor da pesquisa e chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do INPE, Luiz Aragão.
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