Tosse, resfriado, dor de garganta? Hora de tomar um antibiótico. Para muitos, esta tem sido a alternativa há tempos. Algo que se tornou tão rotineiro - e muitas vezes os próprios médicos contribuem com a tendência - que tem levado não apenas à automedicação, mas ao surgimento de tipos preferidos, como se tais medicamentos fossem meros doces ou refrigerantes.
''A necessidade de antibióticos para tratar resfriados simples é absolutamente zero. Para bronquite, menos de 10%. Gargantas inflamadas talvez precisem em 10% ou 15% dos casos'', afirma o médico Jim Wilde, da Faculdade de Medicina da Geórgia, nos Estados Unidos. Wilde é o principal pesquisador de um projeto, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), que tem como objetivo investigar a extensão do uso indevido de antibióticos e educar especialistas em saúde e o público em geral sobre os problemas que esse exagero pode provocar.
''De 90% a 95% de todas as infecções são virais ou bacterianas simples, como no ouvido ou nos seios da face'', disse Wilde em comunicado da faculdade norte-americana. Mesmo assim, segundo o estudo, mais da metade dos pacientes nos Estados Unidos costuma ingerir antibióticos de espectro antibacteriano para problemas causados por vírus, como gripe, resfriado ou bronquite.
De acordo com o pesquisador, a situação é tão grave que ''a guerra contra as bactérias está sendo perdida''. O ponto mais preocupante é que a proliferação de microrganismos resistentes aos antibióticos tem ocorrido em velocidade e freqüência muito superiores ao ritmo de produção de novos medicamentos.
''Se olharmos para a história do uso de antibióticos nos últimos 60 anos estaremos vendo praticamente a história da resistência das bactérias. A segunda está a apenas um ou dois anos da primeira. Tão logo surge um novo antibiótico, os microrganismos começam a desenvolver resistência a ele. Se não fosse pelo fato de que temos criado cada vez mais medicamentos, teríamos hoje um problema sem solução'', afirma Wilde.
O cientista explica que, mesmo que os antibióticos sejam utilizados apenas quando realmente necessários, as bactérias encontrarão maneiras de resistir a eles. Mas a diferença é que, nesse cenário, o período de eficiência seria muito maior, sobrando mais tempo para o desenvolvimento de novas drogas.
Wilde acredita que, se nenhuma medida drástica for tomada, a maioria dos antibióticos - necessários para tratar de estados graves como meningite ou pneumonia - pode se tornar inútil em 50 anos. ''Trata-se de um assunto federal. Estamos realmente em perigo caso não controlemos o uso de antibióticos. Pode soar alarmista, mas não é'', afirma.
O pesquisador lembra que em países em desenvolvimento, onde a falta de médicos e especialistas em saúde acaba levando a um uso ainda mais indiscriminado de antibióticos do que nas nações mais ricas, o perigo é ainda maior. ''Em diversas regiões, está se tornando comum o pesadelo de infecções comuns que já não têm mais tratamento disponível'', disse. (Agência FAPESP)
''A necessidade de antibióticos para tratar resfriados simples é absolutamente zero. Para bronquite, menos de 10%. Gargantas inflamadas talvez precisem em 10% ou 15% dos casos'', afirma o médico Jim Wilde, da Faculdade de Medicina da Geórgia, nos Estados Unidos. Wilde é o principal pesquisador de um projeto, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), que tem como objetivo investigar a extensão do uso indevido de antibióticos e educar especialistas em saúde e o público em geral sobre os problemas que esse exagero pode provocar.
''De 90% a 95% de todas as infecções são virais ou bacterianas simples, como no ouvido ou nos seios da face'', disse Wilde em comunicado da faculdade norte-americana. Mesmo assim, segundo o estudo, mais da metade dos pacientes nos Estados Unidos costuma ingerir antibióticos de espectro antibacteriano para problemas causados por vírus, como gripe, resfriado ou bronquite.
De acordo com o pesquisador, a situação é tão grave que ''a guerra contra as bactérias está sendo perdida''. O ponto mais preocupante é que a proliferação de microrganismos resistentes aos antibióticos tem ocorrido em velocidade e freqüência muito superiores ao ritmo de produção de novos medicamentos.
''Se olharmos para a história do uso de antibióticos nos últimos 60 anos estaremos vendo praticamente a história da resistência das bactérias. A segunda está a apenas um ou dois anos da primeira. Tão logo surge um novo antibiótico, os microrganismos começam a desenvolver resistência a ele. Se não fosse pelo fato de que temos criado cada vez mais medicamentos, teríamos hoje um problema sem solução'', afirma Wilde.
O cientista explica que, mesmo que os antibióticos sejam utilizados apenas quando realmente necessários, as bactérias encontrarão maneiras de resistir a eles. Mas a diferença é que, nesse cenário, o período de eficiência seria muito maior, sobrando mais tempo para o desenvolvimento de novas drogas.
Wilde acredita que, se nenhuma medida drástica for tomada, a maioria dos antibióticos - necessários para tratar de estados graves como meningite ou pneumonia - pode se tornar inútil em 50 anos. ''Trata-se de um assunto federal. Estamos realmente em perigo caso não controlemos o uso de antibióticos. Pode soar alarmista, mas não é'', afirma.
O pesquisador lembra que em países em desenvolvimento, onde a falta de médicos e especialistas em saúde acaba levando a um uso ainda mais indiscriminado de antibióticos do que nas nações mais ricas, o perigo é ainda maior. ''Em diversas regiões, está se tornando comum o pesadelo de infecções comuns que já não têm mais tratamento disponível'', disse. (Agência FAPESP)