Notícia

Jornal do Brasil

Antibióticos não vencem infecção nos EUA

Publicado em 17 janeiro 1996

WASHINGTON — As mortes por doenças infecciosas cresceram 58% nos Estados Unidos em 12 anos. Os dados, publicados hoje na revista da Associação Médica Americana, são de uma pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em Atlanta. Os cientistas alertam que as doenças infecciosas, que já tinha sido consideradas vencidas - com a descoberta dos antibióticos, transformaram-se novamente em uma grande ameaça. O estudo considerou os registros de óbitos de 1980 a 1992. O pesquisador Robert Pinner, do CDC, conta que a Aids e o envelhecimento da população contribuíram para o aumento das doenças, mas não o suficiente para se ignorar que as bactérias, realmente, estão mais fortes. Mesmo excluindo as vítimas da Aids, o número de mortes por infecções cresceu 22%. Se for considerado o envelhecimento da população americana, o número fica em 39%. Os dois fatores debilitam as defesas do organismo. Respiratórias — Óbitos por infecções respiratórias tornaram-se 20% mais comuns. Em 1992, de todas as pessoas que morreram por doenças infecciosas, 47% tinham problemas respiratórios. A septicemia — presença de bactérias potencialmente letais na corrente sangüínea — matou 83% mais pessoas em 1992 do que em 1980. O estudo é parte de uma reportagem especial da revista da AMA sobre velhas e novas ameaças crescente à saúde. A publicação aborda tanto doenças emergentes, como a Aids, quanto velhos problemas que estão de volta, como a tuberculose e a pneumonia. O ressurgimento de doenças se deve, em grande parte, à resistência bacteriana aos antibióticos. Antibióticos— Especialistas explicam que a administração errada — por tempo insuficiente ou indicação equivocada — destes medicamentos tende a matar bactérias mais fracas e favorecer a proliferação de microorganismos mais fortes. Mas também há fatores sociais implicados. Segundo o ganhador do Nobel e professor da Universidade Rockfeller, em Nova Iorque, Joshua Lederberg, criamos um mundo perfeito para que os micróbios tomem o controle. "Eles estavam aqui muito antes de nós. O que está em discussão é se a inversão do quadro atual se tornará real", diz. Para Lederberg, que ganhou o Nobel em 1958 por suas pesquisas em genética, caberá aos governos aplicar estratégias conjuntas contra uma possível epidemia mundial. "Temos visto misturas sem precedentes de pessoas. Um milhão de passageiros cruzam fronteiras diariamente de avião, sem contar as movimentações de exércitos, refugiados e transporte rodoviário. Comprovadamente, estes são veículos para a disseminação rápida de doenças", alerta o pesquisador. ITÁLIA TEM NOVO TESTE PARA AIDS Cientistas italianos criaram um método de análise sangüínea para medir a quantidade de vírus da Aids presente no organismo. Com isso, os médicos têm mais chances de saber como a doença vai evoluir e o melhor momento de começar uma terapia, explicaram os professores Ferdinando Dianzani, Stefano Vella e Fernando Aiuti, do Instituto Superior de Saúde, em Roma. O exame se baseia na medição do material genético do HIV no sangue.